Rock Online: Queen: “The Cosmos Rocks”

Brian May e Roger Taylor surpreenderam o cenário ao se reunirem com o famoso vocalista Paul Rodgers para voltarem aos palcos como Queen+Paul Rodgers. A nova formação, sem John Deacon, que preferiu continuar curtindo sua aposentadoria, fez vários shows, gravou um CD e um DVD ao vivo e agora, finalmente, lança seu álbum de estúdio.

O álbum consegue mesclar os estilos do Queen e de Paul Rodgers: arena rock com blues. Rodgers canta com voz mais grave e tem um alcance menor que o insubstituível Freddie Mercury, mas consegue trazer sua característica ‘bluesy’ ao grupo.

Com o Bad Company, banda que o projetou mundialmente, Rodgers cantava quase como se estivesse apenas falando, sem forçar a voz. Aqui não é tão diferente, mas o que fica evidente é sua incrível capacidade de interpretação, que acrescenta muita emoção às composições, todas de autoria de May, Rodgers e Taylor.

A música que abre o álbum, “Cosmos Rockin’”, é um rockão no estilo de “Tie Your Mother Down” e “Now I’m Here”. Suas partes instrumentais apresentam todas as características do Queen, é impossível não as identificar. Outra faixa que segue o mesmo formato é “C-Lebrity”, que parece “Hammer to Fall”, com um refrão que lembra The Who.

O momento pesado do disco está em “Warboys”. “Surf’s Up…School’s Out” também é um rock rápido, mas bem diferente dos trabalhos da carreira dos dois artistas – é o trabalho mais original do álbum, com vários elementos criativos: teclados com um toque dramático, gritos, gaita, bateria percussiva, muitos arranjos vocais, mudanças de clima, final falso, som de ondas no mar e pássaros. Por outro lado, “Time To Shine” carece de criatividade.

A influência ‘bluesy’ de Paul Rodgers está presente em “Still Burnin’”, um blues pesado carregado de guitarras. Encontramos em “Voodoo” aquele dueto voz e guitarra, como os blueseiros que tocam guitarra e cantam, mas é um pouco arrastada demais. “Through The Night” é um belo blues moderno, do tipo que David Coverdale adoraria cantar.

Há ótimas baladas em “The Cosmos Rocks”. Roger Taylor canta com emoção o início de “Say It’s Not True”, composição em que ele faz os vocais nos palcos há anos. Uma música muito típica de Rodgers é “Small” – nela se pode conferir o seu estilo de cantar quase falando. “We Believe” é aquela canção edificante, do tipo “dêem as mãos e cantem juntos”. A dobradinha piano mais vocal está em boa parte de “Some Things That Glitter”.

O Queen costumava fazer algumas músicas de estilos bem atípicos para uma banda de rock (como o vaudeville de “Seaside Rendezvous”). “Call Me” é um exemplo dessa marca registrada, com seu estilo de trilha musical alegre.

Enfim, “The Cosmos Rocks” não é daqueles álbuns do Queen que pareciam uma coletânea de sucessos, por trazerem várias faixas com aptidão de se tornarem ‘hits’ instantâneos. Está mais para aqueles discos que você ouve uma vez, acha mais ou menos, ouve duas, gosta um pouco mais e, depois da décima vez, já está cantando todas as músicas de cor.
http://territorio.terra.com.br/canais/rockonline/lancamentos/materia.asp?materiaID=2565

Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

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