Biografia revela o talento e as fragilidades de Freddie Mercury

Escrito em 1997, o livro de Lesley-Ann Jones ganhou uma nova versão em 2011, com 102 entrevistas extras

O lugar era privilegiado. Do palco do Estádio de Wembley, durante o Live Aid, em 1985, a jornalista Lesley-Ann Jones podia ver, a olho nu, a maior concentração de estrelas da música daquela época. Lá estavam Elvis Costello, Sting, Sade, Phil Collins, o Dire Straits de Mark Knopfler, o Style Council de Paul Weller, David Bowie, The Who e Paul McCartney, em seu primeiro show depois da morte de John Lennon, em 1980. Mas ela não conseguia tirar os olhos de uma pessoa: Freddie Mercury, o extraordinário vocalista do Queen, que faria, para muitos, a mais arrepiante apresentação da noite, misturando, em apenas 18 frenéticos minutos, hits como “Radio ga ga”, “Bohemian rapsody”, “Crazy little thing called love”, “We will rock you” e “We are the champions”, emocionando as 72 mil pessoas ali presentes e as quase 2 milhões que assistiram ao evento pela TV em todo o mundo.

“Foi a mais incrível experiência da minha vida. Nunca vi nada igual”, afirma ela, por telefone. “Parecia uma cena de ´Quase famosos´, já que hoje essa proximidade dos astros seria impossível de acontecer, em meio a tantos assessores de imprensa e relações públicas. Lembro de Bowie, incomodado com o calor daquele dia, conversando com Freddie, tranquilo, de camiseta. E, quando ele subiu ao palco com o Queen, parecia que tinha dobrado de tamanho. Foi incrível o que ele fez naquela noite. Ele se agigantou”.

Autora de “Freddie Mercury – A biografia definitiva” (Record), Lesley-Ann esteve perto do cantor do Queen, morto em 1991, inúmeras outras vezes e relata essa e outras histórias – a amizade com Elton John, a frustrada parceria com Michael Jackson, o conturbado lado emocional, a infância em Zanzibar etc. – no livro de 490 páginas. Escrito originalmente em 1997, o trabalho foi quase todo refeito em 2011, ganhando uma nova edição – a mesma que chega agora ao Brasil – com o acréscimo de 102 entrevistas, a maioria com pessoas que inicialmente não quiseram falar sobre o músico, que morreu por complicações decorrentes da Aids sem jamais ter assumido a doença e sua própria homossexualidade.

“Muita gente tinha receio de falar sobre Freddie, por respeito a ele e pelas circunstâncias de sua morte. Havia também muito medo de más interpretações”, explica ela. “Por isso, muitos se esconderam”.

Gigantismo

A saída das pessoas do armário e a própria revisão do livro aconteceram por uma série de motivos, que tornaram Freddie e o Queen estrelas maiores do que eram durante os seus anos em atividade.

“O Queen era um fenômeno pop em todo o mundo, sem dúvida, mas o grupo ganhou um novos status com o sucesso do musical ´We will rock you´, que estreou em 2002 em Londres, e também com o fato de músicas como ´We will rock you´ e ´We are the champions´ terem se tornado hinos em jogos de futebol e do basquete americano. Desde então, a voz de Freddie se tornou um marco, inclusive para novas gerações e para pessoas que antes o rejeitavam. Hoje todos querem falar sobre ele e saber quem ele era”.

No livro “Freddie Mercury – A biografia definitiva”, Lesley Ann Jones liga a conturbada vida emocional do cantor do Queen – cujo nome verdadeiro era Farrokh Bulsara -, as repressões que sofreu durante a infância e adolescência, passadas entre Zanzibar, a Índia e depois a Inglaterra, para onde se mudou com os pais, em 1964.

“Ele foi forçado a esconder a sua sexualidade desde cedo, com medo da reação dos pais. E mesmo quando ela aflorou, quando estava na Inglaterra, havia muito moralismo em torno do assunto”, conta a jornalista, que descreve o músico como “uma pequena figura, com um jeito encantador de menino”. “Talvez por isso ele tenha se entregado a uma vida com poucas regras, em busca do afeto que nunca teve”.

Durante um encontro com a autora, num bar em Montreux, na Suíça, onde a banda tinha um estúdio, Mercury confessa ter criado um monstro para si mesmo – embalado por fama e dinheiro, e movido por sexo e drogas – e que desejava “fugir dela”. Foi essa personalidade que teria feito desandar a parceria que o cantor tinha com Michael Jackson.

“Eles chegaram a ser bons amigos e tinham planos de fazer músicas juntos, mas Jackson se horrorizou com os vícios de Freddie e se afastou. É irresistível imaginar o que essa parceria teria rendido”.

Curiosamente, esses mesmos maus hábitos fizeram com que Mercury se aproximasse de outro amigo, Elton John, com o qual travava um perigoso duelo para ver quem ia mais longe na vida louca.

“Eles tinham o mesmo empresário, e isso os aproximou mais ainda. Era uma relação de carinho, respeito e admiração, mas que, sem dúvida, tinha também um componente de extravagâncias e loucuras”.

Com a experiência de quem acompanhou o meio musical por quase três décadas, Lesley-Ann acredita que Freddie Mercury – cuja vida, dizem os boatos, deve se transformar em filme brevemente – foi uma das últimas estrelas do rock.

“Pelo próprio estado do mercado fonográfico, não há mais condições de produzirmos estrelas assim. Talvez por isso, ele ainda seja tão cultuado e amado”.

LIVRO
Freddie Mercury – A Biografia Definitiva
Lesley-Ann Jones
Best Seller
2013, 490 páginas
R$ 59,90

CARLOS ALBUQUERQUE
AGÊNCIA ESTADO


 

 

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com

Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

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