Crítica: Queen – Days of Our Lives

Por: Luiz Santiago (www.planocritico.com)

Toda grande banda tem uma grande história, cheia de altos e baixos, brigas e amizade, uma fórmula que se tornou indissociável do mundo artístico, especialmente no meio musical, onde pessoas de formação e personalidades diferentes lidam com o que deve ser a “sua música”. Ironicamente, o sucesso sempre é a gota d’água para uma possível separação, um estágio onde os integrantes não conseguem dialogar sobre o que compor e gravar, além dos históricos problemas pessoais que acabam tendo influência sobre algum participante e afetando a todos.

Imagine o leitor o cenário descrito no parágrafo acima. Integrantes gravando discos solo, meses sem conexão musical, e de repente, por uma ocasião específica, o grupo volta a reunir-se. Mesmo com as inevitáveis divergências e discussões, parecem que se unem mais, e usam das adversidades para ir além de um patamar já alcançado… até que a morte de um participante adiciona uma reticência a todo esse processo, e salvo algumas gravações prévias e um show de homenagem, o grupo passa a não existir mais. Esta, caros leitores, essa é a história do Queen, banda inglesa composta por Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor e John Deacon, que recebem no documentário Queen: Days of Our Lives (2011), uma digna e obrigatória representação cinematográfica.

“A banda que dominava os Estádios” recebe no documentário de Matt O’Casey duas horas de homenagem, narradas de maneira linear, do encontro inicial entre os integrante até a morte de Mercury, em novembro de 1991, após hercúleo esforço para gravar o máximo de canções e vídeos. O último álbum em vida do vocalista foi Innuendo, lançado em fevereiro de 1991. Agrupando informações em duas partes, o documentário acompanha single a single a carreira da banda, evitando o uso excessivo de fotografias e trazendo o máximo de vídeos de apresentações em palcos e material de bastidores, a maior parte deles inéditos até então.

O diretor conseguiu transportar para as telas a inovação e diferença de uma banda chamada Queen e formada por quatro homens; uma banda de rock que lançaria um disco chamado Jazz (1978), uma banda que nunca teve medo do pop, do sintetizador, e sempre apostou na inovação e rigor musical de seu carreira, com exceção, talvez, do álbum Hot Space (1982), obra meio funk, new wave e disco music que eu particularmente não gosto, à exceção da canção Under Pressure, parceria de Freddie Mercury com David Bowie.

O que a montagem e a edição de som realizam na passagem dos atos e das entrevistas neste filme é um bom exemplo de como usar o máximo de canções de uma banda em um documentário sem ser excessivo, chato e despropositado. Sequências bem humoradas e cenas emocionantes de bastidores compõem o material de arquivo, que se unem ao processo de gravação das músicas e sua apresentação para milhares de pessoas, do Estádio do Morumbi em São Paulo à África do Sul. Matt O’Casey passou longe da técnica de um “documentário de preguiçoso”, não usando apenas uma avalanche de material interessante, apenas agrupando-os de maneira lógica para o espectador. A construção de uma cronologia é dada pelos depoimentos e citações de jornalistas, agentes e membros da banda. Ainda vale citar a sutil diferença entre os dois atos do documentário, com focos musicais diferentes, aumento dos números musicais em palco, supressão das entrevistas com jornalistas e críticos para uma abordagem mais íntima, apenas com os que estavam realmente ligados à banda.

Do first single do Queen, Keep Yourself Alive, ainda com influência de grupos como Led Zeppelin e dos Stones, ao verdadeiro Réquiem de Freddie Mercury, The Show Must Go On, última faixa do álbum Innuendo, temos uma caminhada de duas horas pela vida do maior cantor de rock de todos os tempos, e de uma das bandas mais incríveis que já surgiram. O documentário deixa isso bem claro para o espectador, e também mostra que a história do grupo não foi de concordância plena e harmonia a maior parte do tempo em que passaram juntos (1971 – 1991), mas também percebemos que na fase final da vida de Mercury, tanto essa união plena quanto o trabalho incansável se tornou parte da vida do grupo. Uma banda que trabalhou junto até o último suspiro de seu grande ícone. Uma bada que recebeu uma artística e humana obra documental, digna de sua importância para a história do rock e da música. Um filme que eu recomendo fervorosamente a todos.

 

Fonte: http://planocritico.com
Dica de: Roberto Mercury

Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

Outras notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *