Queen chega ao Brasil para o Rock in Rio prometendo
honrar memória de Freddie Mercury
‘Eu tinha três anos, mas fiz minhas pesquisas e vi bem como é o publico brasileiro’,
diz Adam Lambert
Queen + Adam Lambert. O vocalista americano conheceu o guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor em 2009, quando tocaram juntos no programa de TV “American Idol”; três anos depois, eles estariam saindo juntos em turnê – Divulgação
RIO — Brian May tinha 38 anos quando, ao violão, acompanhou Freddie Mercury e 200 mil pessoas ao som de “Love of my life”, no primeiro Rock in Rio, em 1985. Alheio a tudo isso, o pequeno Adam Lambert começava a vida, primeiro em Indianápolis, depois em San Diego, nos EUA. Ele faria 3 anos poucos dias após o festival. Ontem, a ordem dos fatores mudou: Brian May, 68 anos, cabelos totalmente grisalhos, mas com o mesmo corte volumoso de sempre, o baterista Roger Taylor (66 e farta barba de vovô)… e Adam Lambert, um garotão com pinta de astro sertanejo, chegaram juntos para uma entrevista coletiva no Copacabana Palace. Sexta que vem eles serão a principal atração da noite de abertura do Rock in Rio, com o nome Queen + Adam Lambert
— Eu tinha três anos, mas fiz minhas pesquisas e vi bem como é o publico brasileiro — brincou um simpático Adam, que chega com a assustadora missão de ocupar no palco o lugar que foi do vocalista, pianista e compositor Mercury, falecido em 1991, de AIDS.
— Ele não está tentando ser Freddie Mercury, de maneira alguma — assegurou Roger Taylor.
NASCIDO NA TELEVISÃO
O Queen + Adam Lambert que toca no Rock in Rio e, antes disso, passa por São Paulo (dia 16, no Ginásio do Ibirapuera) e depois por Porto Alegre (dia 21, no Gigantinho) teve sua gênese em 2009. Brian e Roger (que encerravam naquele ano sua parceria em disco e shows, de cinco anos, com o cantor Paul Rodgers) foram convidados para se apresentar no programa de TV “American Idol”, tocando um clássico do Queen, “We are the champions”, com dois competidores nos vocais: Adam Lambert e Kris Allen.
‘Não fico mais tão intimidado. Ao contrário: estou animado com o desafio. Freddie estará presente em cada canção’
Kris acabaria vencedor daquela temporada do programa, mas foi Adam quem levou a melhor — a partir de 2012, ele, May e Taylor começaram a fazer shows juntos e, dois anos depois, anunciaram uma turnê do Queen + Adam Lambert com o baixista Neil Fairclough, o tecladista Spikey Edney (músico de apoio do Queen nos anos 1980, que Roger Taylor define como “o cara que lembra tudo o que esquecemos”) e o percussionista Rufus Tiger Taylor (filho de Roger, com quem ele faz duelos nos shows).
— A coisa aconteceu de forma gradual. Naquele momento, no “American Idol”, vimos que poderia ser interessante ter o Adam cantando conosco — contou Brian May. — Depois de um show para uma festa de premiação (em 2011, eles se apresentaram no MTV Europe Awards, em Belfast), uma porta foi aberta, e vimos que a coisa poderia realmente funcionar.
— E aí, quando nos demos conta, estávamos fazendo uma turnê mundial juntos — lembrou Roger Taylor.
A razão de o Queen + Adam Lambert ter chegado ao Brasil uma semana antes dos shows é uma só: uma série de ensaios a fim de preparar um espetáculo à altura da ocasião. Há seis meses eles não tocam juntos.
— Temos que entrar de novo na batida — explicou Adam, artista gay que, em sua primeira visita ao Rio, espera também poder conferir a programação noturna da cidade. — Mas prometo guardar a melhor parte da diversão para o palco, não para fora dele.
Os show brasileiros serão repletos de surpresas. Segundo Brian May, pode ser que eles se desviem dos hits aqui e ali para tocar coisas como “Dragon attack” (música funkeada menos conhecida — mas que Adam Lambert adora — do disco “The game”, de 1980). Já “Love of my life” será apresentada “de uma forma especial que envolve Freddie (Mercury)”. O novo vocalista jura que não sente mais o peso das comparações.
— Não fico mais tão intimidado. Ao contrário: estou animado com o desafio. Freddie estará presente em cada canção. E esses caras aqui ainda arrasam — disse Adam, confessando que sonha em poder um dia “tocar piano e compor como Freddie.”
Ciente de que estará tocando no Brasil para um público que em boa parte não era nascido quando o Queen viveu seu auge, Brian May não se acanha: — A garotada sabe bem quem somos.
— E mesmo que não saiba quem é cada um de nós, eles conhecem as canções — emenda Roger Taylor.
— O show do Queen é uma espécie de evento de família, que une as gerações — opina, por sua vez, Adam Lambert. — Mas, ainda assim, é rock’n’roll.
Antes da entrevista coletiva do trio, a vice-presidente do Rock in Rio, Roberta Medina, falou um pouco sobre a importância do Queen para a história do festival.
— Eles foram a primeira banda a ser confirmada para o Rock in Rio. Essa atitude ajudou outras bandas a confirmarem suas participações naquela maluquice — disse. — E, além disso, eles emprestaram todo o equipamento de luz do festival. O Rock in Rio não teria sido o que foi sem o Queen.
Sobre o futuro da banda, Roger Taylor deu algumas pistas. Nada animadoras — embora em tom de brincadeira.
— Não sabemos por quanto tempo mais conseguiremos continuar tocando. Comprem seus ingressos! — disse, para logo ser informado de que eles estavam esgotados.
— Então guardem bem seus ingressos! — recomendou Adam.
Fonte: http://oglobo.globo.com/
Dica: Roberto Mercury