Sim, o rock foi à escola. Melhor dizendo, os roqueiros nem sempre têm sua vida (des) regrada por dias e noites de insônia, ensaios, shows, com sexo, drogas e, claro, rock’n roll, estereótipo que colou graças a algumas aventuras lisérgicas que invariavelmente não terminaram bem.
Mas há bons exemplos dos que acharam um tempo para a caneta, os cadernos e a presença nos bancos acadêmicos.
Isso, certamente, pode ter contribuído para a qualidade do produto que ofereceram às massas. Não é regra, obviamente. Há muita gente que produziu coisas inesquecíveis sem o tal diploma. Os que obtiveram o canudo estão aí com a assinatura em obras cultuadas ao longo do tempo.
Vamos pegar alguns exemplos. Comecemos por Brian May.
Se tem um sujeito que foi longe, este é o guitarrista do Queen. Com facilidade para exatas, graduou-se em Matemática e Física no conceituado Imperial College London. Depois, deu um tempo nos estudos para se dedicar à vitoriosa carreira musical. Uns 30 anos depois, retornou aos bancos escolares até tornar-se PhD em Astrofísica e reitor da Liverpool John Moores University.
Seu colega de banda, Freddie Mercury, também tinha formação. Sua área: Design Gráfico e Artístico pela Ealing Art College, da Inglaterra.
Greg Graffin, frontman da banda punk Bad Religion, é outro caso do gênero. Ele se formou em Antropologia e Geologia pela Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA). Pela mesma instituição, recebeu o título de Mestre em Geologia, além de ser PhD em Zoologia pela Cornell University. Graffin divide a carreira de vocalista de uma banda punk com o trabalho como professor universitário e autor de livros sobre evolução.
Agora, um dos casos mais emblemáticos é o de Bruce Dickinson, do Iron Maiden. O cara é piloto de avião comercial, comanda o Ed Force One (avião que leva o grupo nas turnês mundiais), e ainda atua como ator, roteirista, esgrimista e historiador. Em 2011, foi agraciado com o título de Honoris Causa de doutorado Universidade Queen Mary College, de Londres, pela sua contribuição à indústria musical. Não bastasse a pluralidade de tarefas que consomem tempo e muita energia, ainda sobram algumas horas para caprichar na alquimia. Ou quase isso: Bruce é mestre cervejeiro. É dele a The Trooper, cerveja que leva o nome de umas das músicas da Donzela de Ferro.
Em 2012, o vocalista foi tema de um estudo na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), por meio do artigo intitulado “Testando a ‘Donzela de Ferro’ ou como engrandecer um rock star no mundo inspirado”.
O guitarrista do Black Sabbath, Tony Iommi, é outro que recebeu doutorado honorário da Universidade Britânica de Coventry por sua contribuição para o mundo da música popular, segundo nota da instituição. Na explicação, a universidade reconhece o papel de Iommi como um dos pais da música heavy metal e seu status como uma das pessoas mais influentes da indústria”.
E por que não?
O heavy metal, enquanto gênero do rock, já virou disciplina na universidade. O professor Charris Efthimious, da Universidade de Música e Performances Artísticas de Viena, na Áustria (em alemão,Universität für Musik und darstellende Kunst Wien), introduziu a disciplina Hard Rock e Heavy Metal: História da Música e aspectos analíticos do som ‘pesado’ dos anos 70, 80 e 90. Ali são estudadas obras de bandas como Black Sabbath e Iron Maiden. O professor dá sua explicação: as obras de Black Sabbath e Iron Maiden são tão importantes quanto às de autores clássicos como Richard Wagner, Mozart, Beethoven e Sebastian Bach.
Ele reforça a tese de que, assim como os clássicos, Black Sabbath e Iron Maiden foram os precursores de uma nova estética na música em seu tempo.
E há mais gente boa nesse roteiro escolar. Sinal de que frequentar a escola, em meio a acordes pesados e riffs marcantes, não são empecilhos para uma duradoura e vitoriosa carreira no mundo do rock. Ok, garotada? Então, fazer um som é muito bom, mas estudar é show!
Fonte: http://blogs.atribuna.com.br/blognroll