Nos bastidores do Álbum QUEEN II
▪️Com o Álbum de estreia finalmente gravado, produzido, mixado e prestes à ser embalado, estava quase tudo pronto para sair em turnê e ser promovido.
▪️Quase …
▪️Tudo parecia perfeito com exceção de um detalhe – em razão de inúmeros problemas de negócios, o LP só pode ser comercializado 08 meses após a data planejada, após selar um acordo milionário com a poderosa EMI, acordo esse que perdura até hoje para os lançamentos em todo o planeta, com exceção dos Estados Unidos
▪️Mas a pausa forçada , é importante ressaltar, não foi totalmente desperdiçada. O hiato que antecedeu a comercialização de QUEEN foi produtivo. Algumas músicas que vinham sendo compostas durante as sessões de gravação ganharam a chance de serem finalizadas.
▪️Nesse meio tempo, John Anthony, por imposição da Banda, cederia seu lugar como produtor para Roy Thomas Baker, que dividiria suas ações no estúdio com a própria Banda. Outro reforço para o time foi Mike Stone. O engenheiro ganharia espaço graças à seu talento atrás da mesa de som, e ajudaria o grupo a colocar algumas de suas melhores canções até o período de gravações do 6° disco que, como os fãs da Banda melhor do que todos sabem, viria a ser batizado como NEWS OF THE WORLD.
▪️Com a equipe reformulada e novas composições prontas, o processo para finalização de QUEEN II estava engatilhado. Assim, a Banda pôde pôr em prática algo que já tinha em mente há tempos – registrar a versão completa da faixa Seven Seas of Rhye, lançando-a como um single. Na época, os problemas com Keep Yourself Alive, que podiam ser traduzidos como baixo sucesso comercial, guiaram o Queen no sentido de reformular o formato de suas canções para o rádio.
▪️Dessa forma, a música escolhida não poderia ser muito longa, tendo um apelo mais pop.
▪️Além das canções que comporiam o novo LP, o Queen se daria o luxo de deixar de fora algumas pérolas como See What A Fool I’ve Been, Brighton Rock (que não havia sido ainda finalizada mas acabaria no LP seguinte) e um embrião da faixa The Prophet’s Song – esta escolhida mais tarde para entrar em A NIGHT AT THE OPERA.
▪️QUEEN II, embora seja apenas ainda a segunda empreitada em vinil, já demonstra toda a capacidade da Banda de compor arranjos complexos.
▪️Mais do que isso …
▪️O conteúdo lírico das letras também começava a despontar.
▪️Para dar o toque final à produção do LP, o Queen ainda chamaria Robin Cable, que havia trabalhado com Freddie Mercury nas faixas I Can Hear Music e Going Back.
▪️Cable ficou encarregado de terminar Funny How Love Is, e dar uma atmosfera à moda Phil Spector e sua parede sonora – Wall of Sound para a gravação, além de ajudá-los em Nevermore, com mais um recurso de Phil Spector, o piano ring ( uma técnica dando a impressão de que se está tocando em um grande auditório).
Phil Spector
Parede sonora de Phil Spector
▪️Quando acabou de gravar o disco, em Agosto de 1973, o Queen imediatamente adicionou Ogre Battle, Procession e Father to Son às suas apresentações ao vivo, esperando promover o Álbum imediatamente. Mas isso acabou não acontecendo, pois seu lançamento acabou ocorrendo somente em 08 de março de 1974. Antes disso, um single para aquecer os fãs chegou às lojas em Fevereiro com as faixas Seven Seas of Rhye e See What a Fool I’ve Been – esta última, como Lado B não incluída no LP.
▪️Uma tese de sua exclusão do disco seria o temor de possíveis problemas com direitos autorais, já que seus versos eram quase uma releitura da canção That’s How I Feel de Sonny Terry e Brownie McGhee, que Brian ouviu num programa de TV e ficou em seu subconsciente.
Piano ring
▪️Abaixo, exemplos das semelhanças entre as letras ?
That’s How I Feel –
You don’t believe, Don’t believe I love you Look what a fool I’ve been, oh, Lord, God knows what a fool I’ve been
See What A Fool Eve Been –
Well, she’s gone, dear, gone this morning see what a fool I’ve been, Oh Lord, what a fool I’ve been
Yes, I did too much
A arte do LP e suas curiosidades
▪️O design da capa também reflete a ideia dos membros do Queen vestidos de preto em fundo escuro e outra imagem no miolo do encarte, com trajes brancos em um cenário claro.
▪️O fotógrafo Mick Rock, amigo pessoal de Freddie Mercury, recebe os créditos (e os méritos) pela autoria da foto principal da capa de QUEEN II. Tratava-se realmente de uma imagem emblemática da Banda, utilizada em diversas outras oportunidades para promover os lançamentos do Queen.
▪️Exemplos da reutilização da fotografia podem ser vistos nos videoclipes de Bobemian Rhapsody e One Vision.
▪️A inspiração para imagem, à propósito, também veio de diversas fontes, embora extraoficiais – uma foto de Marlene Dietrich, atriz alemã que se destacou por recusar-se a participar das propagandas nazistas, desafiando Adolf Hitler, e também da capa do LP WITH THE BEATLES, lançado em 1963.
Marlene Dietrich
▪️Com tudo pronto nos bastidores, faltava ainda colocar o Álbum no mercado.
▪️Mas não foi tarefa fácil …
▪️Vários motivos atrasaram o lançamento do LP, entre eles a crise do petróleo, que fez o governo inglês tomar várias medidas para redução do consumo de energia, atrasando, dessa forma, a manufatura do disco.
▪️Mas também não foi apenas a crise do ouro negro que atrapalhou sua comercialização.
▪️Um erro gráfico no primeiro lote de prensagem acabaria como primeiro round no duelo entre o Queen e a Trident Productions.
▪️Era apenas o começo do fim que estaria por vir, nesta relação.
Nota – Quando a primeira prensagem chegou às lojas de discos, a Banda notou um erro de ortografia na capa e teve que reclamar persistentemente antes que fosse finalmente corrigido.
▪️Fonte –
Queen Magic Works
Marcelo Facundo Severo