Bohemian Rhapsody | Os maiores problemas do filme do Queen

Cinebiografia distorce a linha do tempo e diversos fatos da banda

Para um filme que pretende ser a cinebiografia do Queen, Bohemian Rhapsody é surpreendentemente inexato na hora de explicar as origens do Queen. Ao contrário do que o filme mostra, que Freddie se apresenta aos membros e os impressiona com sua voz, o vocalista já era amigo de Tim Staffell (o baixista que deixa a banda para entrar no Humpy Bong) e insistia constantemente por um teste para entrar no grupo. Ainda, o baixista John Deacon aparece no primeiro show do Queen, em 1970, sendo que o músico foi quarto a passar pelo grupo, entrando apenas em 1971. Antes dele, o Queen contava com baixistas itinerantes.

A LINHA DO TEMPO

Regency Enterprises/Divulgação

Faz sentido colocar o Live Aid no final se o filme busca colocar a apresentação como um clímax na carreira do Queen, mas a escolha é um dos maiores motivos que causa uma bagunça na linha do tempo da banda. Não só Freddie Mercury não sabia do seu diagnóstico de HIV no tempo do Live Aid, como no meio do filme o vocalista está assistindo emocionado o seu show no Rock In Rio, que aconteceu no mesmo ano do Live Aid, em 1985. Não bastando, Mercury assiste ao show na companhia de sua namorada Mary Austin, com quem terminou em 1976, nove anos antes. Ainda, o filme embaralha diversos lançamentos de música: “Fat Bottomed Girls”, por exemplo, é uma música lançada em 1978, mas no filme ela toca em 74, na primeira turnê da banda nos EUA.

A GRAVAÇÃO DO PRIMEIRO ÁLBUM

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Outro elemento incorreto e aparentemente sem motivo é o retrato da gravação do primeiro álbum. Em uma curta cena, o Queen aparece em uma estrada, com o pneu da van furado, e Freddie dá a ideia de vender o veículo para gravar um álbum. Apesar dos protestos, a banda concorda e consegue tempo de estúdio com o dinheiro da venda. Na realidade, isto não aconteceu; a banda recebeu a oportunidade de gravar de graça no Trident Studios, em momentos em que o estúdio estivesse fechado. A história é igualmente – senão mais – interessante, o que torna a ideia de fazer a banda vender a van realmente gratuita.

RAY FOSTER NUNCA EXISTIU

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Criar personagens para fazer a trama fluir melhor também não seria um problema. Mas o problema com a figura de Ray Foster, interpretada por Mike Myers, não é exatamente que ele nunca existiu, mas sim em quem ele provavelmente foi baseado. Na vida real, o empresário da EMI Roy Featherstone realmente aconselhou contra o lançamento de “Bohemian Rhapsody” como single, mas apenas por sua duração. Feathersonte era na realidade um grande fã de Queen, e não um vilão caricato como o filme retrata.

O CONFLITO PRINCIPAL

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O maior problema de Bohemian Rhapsody, possivelmente, é seu conflito principal. No filme, o Queen tem uma grande briga por causa da decisão de Freddie Mercury de gravar um disco solo. O filme retrata Mercury como um egoísta que deixou a banda na mão, quando, na realidade, na época em que o vocalista decidiu gravar um álbum solo, Roger Taylor já havia gravado dois. Não só a briga e a culpa de Mercury não fez sentido, como o Queen nunca se separou.

O QUEEN NUNCA SE SEPAROU

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Principalmente pelo motivo acima, o problema mais gritante de Bohemian Rhapsody foi a ruptura do Queen, que nunca aconteceu. Houve um breve hiato do grupo, que tirou férias de composições e gravações em estúdio, exatamente quando Freddie Mercury gravou e lançou Mr. Bad Guy, seu disco solo. Não somente o filme dá a entender que o Queen se separou e retornou para a performance no Live Aid – o que nunca aconteceu – a narrativa dá a entender que tudo foi culpa do vocalista.

A QUESTÃO DA SEXUALIDADE

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Bohemian Rhapsody foi criticado desde o começo por especulações de que ele não trataria apropriadamente da sexualidade de Freddie Mercury. Parte disso pode vir pelo fato de que Mercury realmente não falava sobre suas preferências, mas há uma questão essencial sobre a escolha narrativa do filme. A cinebiografia enfatiza principalmente a relação heterossexual de Freddie Mercury com a sua namorada Mary Austin. Apesar de Mary ter tido um grande papel na vida do vocalista, é curioso como o filme minimiza a importância de Jim Hutton na vida de Mercury. Hutton, para começar, nunca trabalhou como garçom ou serviu em festas de Mercury, mas era um cabelereiro e conheceu o músico em uma balada. A escolha em não focar em Hutton é realmente criticável, já que na vida real, o parceiro de Mercury foi quem viveu com ele em seus últimos anos de vida e cuidou do músico durante toda sua doença.

Esta não é a única problemática em relação a escolha sexual do frontman. O filme deixa como certa a frase de Mary Austin de que Freddie Mercury não era bissexual, e sim gay. Para isso, o longa também omite a relação de Mercury com atriz austríaca Barbara Valentin, que durou por boa parte dos anos 80.

AS COMPOSIÇÕES E AUTORIAS

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Para um filme que foca na criatividade dos gênios do Queen, Bohemian Rhapsody também falha em retratar as gravações da banda. Como natos em estúdio, o filme mostra a banda simplesmente criando experimentações espontâneas, como se todos os hits e riffs do Queen nascessem do nada, de modo linear, e sem retratar o caminho do grupo para chegar em cada faixa. Na realidade, o Queen compunha pedaços separados e agrupavam depois em músicas.

O filme também mostra que o grupo chega ao combinado de autoria compartilhada pouco antes do Live Aid, em 1985. Segundo esta lógica, a decisão faria com que o álbum Kind Of Magic tivesse músicas assinadas pelo conjunto. Isso só aconteceu, na verdade, em 1989, no álbum The Miracle.

Fonte: https://www.omelete.com.br

 

Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

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