Por dez dias, o Rio foi a capital do rock

Reunião inédita de artistas transformou a cidade em palco internacional e deu origem a apresentações inesquecíveis no primeiro Rock in Rio

Muito do que era inédito, superlativo em um festival de rock ficou para trás desde que, há 25 anos, armou-se numa ainda quase selvagem Barra da Tijuca o circo do Rock in Rio. A força do evento e de sua surpreendente reunião de grandes nomes da música, no entanto, alçaram a marca à estratosfera do show business internacional. E, se não foi possível, como previa o empresário Roberto Medina, repetir a dose em 1986, 1987 e 1988, pelo menos mais duas edições do festival já ocorreram na cidade. E o Rock in Rio tornou-se grife capaz de transferir prestígio para concertos em Portugal e na Espanha – reproduzindo à risca o logotipo formado por uma angulosa família de letras que, nos anos oitenta, eram “o que havia” de moderno.

Não é à toa que mesmo quem não está nem aí para o gênero deve ver com certa familiaridade o logotipo que, pela terceira vez no Brasil, é ressuscitado para a versão 2011 do festival. Quem esteve na Cidade o Rock original conta o feito com orgulho. Durante 10 dias, às vésperas do carnaval de 1985, as atenções do Brasil e de parte do mundo se voltaram para o Rio e para a constelação reunida na cidade por Medina, o empresário então com 37 anos que convenceu empresas a investir 11 milhões de dólares a partir de seus croquis e de suas descrições do que seria juntar, em um terreno pantanoso, um público de cerca de um milhão e meio de jovens.

A materialização definitiva do sonho de Medina – e a prova de que ele estava certo – veio na forma de apresentações memoráveis, como a de Freddie Mercury, do Queen, regendo a multidão no refrão de Love of my life; ou na poeira que três garotos sozinhos levantaram do gramado em frangalhos, tornando impossível esquecer o nome Paralamas do Sucesso.

Foi a primeira vez que o grande público teve contato com o heavy metal  – algo que, diante da agressividade e das vertentes mais radicais que o gênero criaria nas duas décadas seguintes, hoje soa como música para vovôs saudosistas. O fato é que, desde então, o punho cerrado com indicador e dedo mínimo em riste – os chifres do ‘demo’ – entraram para a vida dos roqueiros tupiniquins, e o rock desandou a dar cria a se miscigenar Brasil afora.

O país, aliás, esteve representado com qualidade e diversidade, numa escalação que ia de Ney Matogrosso – a quem coube abrir o festival, na noite de 11 de janeiro – e passava por Rita Lee, Erasmo Carlos, Alceu Valença, Baby e Pepeu, Blitz e o Barão Vermelho ainda liderado por Cazuza.

Em janeiro de 1985, não havia como escapar do barulho. Os telejornais se fartavam com imagens como a do guitarrista Angus Young, líder do AC/DC, mostrando o traseiro entre um solo e outro; exibiam à exaustão o figurino multicolorido dos grupos de new wave – gênero quase falecido que foi representado pelo B-52’s e pelas já esquecidas Go Go’s –; faziam troça do caricato duelo do cantor Bruce Dickinson, do Iron Maiden, com o boneco Eddie, de três metros de altura, que até hoje ‘ataca’ nos shows da banda.

O noticiário do mês em que ocorreu o festival trazia novidades cintilantes como os primeiros estudantes de classe média que usavam computadores pessoais para estudar e o início da obrigatoriedade do uso de cinto de segurança nas ruas e estradas brasileiras. Ainda ecoavam as suspeitas de novo golpe militar, por conta da eleição de Tancredo Neves, e a grande preocupação mundial ainda era a Guerra Fria. A propaganda de cigarro – inclusive no Rock in Rio – era liberada e, na Playboy, a sensação eram as fotos inéditas de Luiza Brunet e Christiane Torloni.

Para o bem dos fãs do rock e dos negócios, a quarta versão, que Medina põe na rua a partir desta semana, se dará em um cenário econômico bem mais favorável que o quadro de recessão de meados dos anos 80. Se foi preciso, naquela época, convencer agentes e músicos de que era seguro fazer negócio com os brasileiros, no momento atual, com o país no roteiro de estrelas internacionais e com dois eventos mundiais agendados – a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 – é mais provável que Medina tenha à porta uma fila de pretendentes.

Fonte: www.veja.com.br

Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

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There are 1 comments

  1. Ainda bem que vai voltar o rock in rio aki no Brasil !!!
    Não aguentava mais rock in rio de 2 em 2 anos lá fora,só em Portugal e Espanha coisa mais bizarra (Rock In rio lisboa,Rock in rio madrid )só espero que não venha axé em rio,
    Funk em rio e pela temelidade já quase confirmado Shakira já começamos mals é Rock n outros stilos,quase 10 anos esperando por isso até que em fim a espera está termiando . ..
    Em 2001 Silverchair Acabou com a noite,melhor apresentação sem duvida hj acho que desconhecido mais recomendo essa banda grunge é fera.
    (A primeira cidade do rock é no local onde hj é a vila olímpica do pan do Brasil se vc's se lembram)
    A segunda cidade de 2001 nem vai rebceber show's por já ter
    cido reservado pra obras de 2016(josgos olímpicos).Por isso vai ser Construída uma nova cidade do Rock.

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