Universal edita CDs do Queen

Quando o Queen veio com “News of the World” em 1977 – primeiro dos cinco álbuns do segundo lote de relançamentos de sua discografia que a Universal edita agora no Brasil em CDs duplos com várias faixas bônus – deparou literalmente com o punk rock. Numa das sessões de gravação, o vocalista Freddie Mercury cruzou com Sid Vicious (Sex Pistols) no estúdio. Houve provocação, claro, mas o Queen, depois de enlouquecer todo mundo na gravadora com suas extravagâncias rapsódicas, coincidentemente procurava dar uma relativa simplificada em seu estilo bombástico, que julgava-se em decadência.

As duas primeiras faixas do álbum – a marcha “We Will Rock You”, que virou hino dos estádios de futebol, e “We Are the Champions” – mantiveram a banda, ao velho estilo, em boa posição na Inglaterra e aumentaram os seguidores em países como o Brasil. Ecos do punk rock podem ser detectados em “Sheer Heart Attack”. Há experimentações nos lados B, como “Get Down, Make Love”, e influência latina em “Who Needs You”.

O álbum duplo ao vivo “Love Killers”, de 1978, que não figura entre os relançamentos, manteve o bom desempenho comercial da banda no mundo. Ainda repleto das boas ideias do guitarrista e compositor Brian May, o Queen partiria para algo mais pop, mas manteria a dignidade roqueira em “Jazz” (1978), testando sonoridades árabes em “Mustapha” e dance-funk em “Fun It”, entre outros desvios nem tão animadores para roqueiros. Afinal, porque raios um disco com essa sonoridade tem o título de “Jazz”?

O ingresso na década de 1980 foi com a boa trilha do filme Flash Gordon, do produtor Dino de Laurentiis, com experimentações eletrônicas, marcha sinfônica e algum rock, e “The Game”, que veio antes e recolocou a banda no topo das paradas britânicas. Teve a introdução dos sintetizadores e canções como “Crazy Little Thing Called Love”, um rock à moda dos anos 1950, rocks com pulsação funk/disco, como “Dragon Attack” e “Another One Bites the Dust”, e as power ballads “Play the Game” e “Save Me”, que deram bom equilíbrio ao álbum.

Com Freddie Mercury cada vez mais bancando “a louca”, “Hot Space” (1982), último CD dessa leva, reúne várias desgraças sonoras da famigerada década. Sid Vicious, morto em 1979, devia se remexer no túmulo rindo de faixas dançantes (e horrorosas) como “Staying Power”, com todos os efeitos e artifícios da época, insuportáveis de ouvir hoje, como a tecladeira infernal e a bateria eletrônica reverberada.

Para piorar, as canções estão entre as mais infames da carreira da banda. Uma baladinha em homenagem a John Lennon, “Life Is Real”, bem ao estilo do ex-beatle, deu um breve respiro ao disco que nem David Bowie, no duo em “Under Pressure”, conseguiu salvar.


Fonte: http://diariodopara.diarioonline.com.br

Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

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