Produção que focaliza o cantor do Queen estreia daqui a duas semanas
O local é o Soho Hotel, em pleno mês de junho, durante o verão londrino. Aqui, no coração de Londres, estão reunidos os atores e produtores de Bohemian Rhapsody, biografia cinematográfica de Freddie Mercury, cantor do Queen, e um dos maiores ícones do rock, falecido no dia 24 de novembro de 1991, aos 45 anos, vitimado pelo vírus HIV. O aguardado filme, com direção de Bryan Singer, estreia no Brasil em 1º de novembro. Será um dos eventos do ano para quem gosta de música. Assim, todo o sigilo era necessário para não estragar a surpresa. Todos os participantes do evento tiveram que passar por diversos dispositivos de segurança, além de ter que assinar cláusulas que garantissem o sigilo total até os dias anteriores a estreia.
Mas antes conversar com os participantes, os integrantes da imprensa foram levados a um cinema localizado dentro do hotel. Lá, foi exibida uma cópia incompleta do filme, com cerca de uma hora duração. Até então, haviam sido distribuídos para a imprensa apenas alguns vídeos esparsos. O filme ainda não havia sido completado e necessitava passar por um processo de pós-produção. Mesmo incompleto, ele emocionou a todos presentes e mostrou até onde os produtores queriam chegar contando a vida de Freddie Mercury.
Nesta sessão exclusiva, foram exibidas sequências até então inéditas. Entre elas, a ansiedade de Freddie Mercury antes dele subir no palco no Live Aid; como eles conheceu o baterista Roger Taylor e o guitarrista Brian May e deu início ao Queen; a complexa gravação da canção “Bohemian Rhapsody”; cenas da relação de Mercury com a namorada Mary Austin; como foi a decisão do cantor em sair em carreira solo, além de mais canções da performance do Live Aid. Sem dúvida, a cena mais tocante é aquela que mostra o momento em Freddie conta aos companheiros de banda que ele estava com o vírus do HIV. Mesmo assim, ele diz aos outros que queria seguir cantando até quando tivesse forças.
Se existe alguém responsável pela existência de Bohemian Rhapsody é o produtor britânico Graham King. Claro, ele não é uma figura conhecida pelo grande público, mas basta dizer que King foi responsável entre muito outros, por filmes como Tomb Raider – A Origem, Argo, O Aviador, Guerra Mundial Z, etc. Como fã do Queen, King queria muito contar a saga da banda. Na verdade, a produção de um filme sobre a vida de Freddie Mercury já vinha sendo discutida há muito tempo – todos devem lembrar que algumas vezes Sacha Baron Cohen foi anunciado como o ator que faria o cantor. Depois de muitas negociações, Cohen acabou desistindo devido aos caminhos criativos tomados pela produção que acabaram não o agradando. Tudo isso foi noticiado fartamente pela imprensa mundial e serviu para alimentar o interesse pela produção que em breve todos irão ver.
“Eu estou muito contente. Eu consegui fazer o filme que queria. Estou 100% satisfeito”, falou King, com um grande sorriso no rosto. “Acredito que conseguimos com este filme capturar o DNA do Freddie. Tivemos que fazer inúmeras escolhas em relação a este filme, como mostrar os fatos da vida de Freddie e até as canções que iríamos colocar na tela – afinal, o catálogo do Queen é um dos mais valiosos e conhecidos da história do rock.”
Mas por falar em escolhas, King diz que a melhor delas foi a escalação do norte-americano Rami Malek como Freddie Mercury, como exalta: “Rami é simplesmente incrível. Ele faz um tributo emocionante ao Freddie, e não uma simples imitação. Quando ele estava caracterizado como o cantor, você podia ver a emoção nos olhos das pessoas ao redor. Todo mundo tinha a sensação que Freddie tinha voltado. Com isto, nós tornamos uma família”.
O veterano produtor fala que já trafegou por diversos estilos cinematográficos, mas aponta que fazer uma biografia é algo sempre mais complicado: “É difícil você competir com os documentários, especialmente quando está lidando com alguém tão conhecido como Freddie Mercury”, relata. “Mas atingimos o tom certo. Garanto que ninguém vai se decepcionar com o resultado final e com os caminhos narrativos que seguimos”.
King também lembra que o Queen esteve na América do Sul no começo da década de 1980, quando o Brasil e a Argentina eram dominados por regimes militares. “A banda foi levar o rock para a América latina justamente quando existia todo este tipo de problema com ditaduras”, fala. “Filmamos algumas cenas respeito do assunto. Eu espero que tenha espaço para que elas entrem na edição final”.
Apesar de contar boa parte da incrível jornada de Freddie Mercury, King fala que o epicentro do filme é a performance do Queen acontecida dentro do festival Live Aid, no Estádio de Wembley, em Londres, no dia 13 de julho de 1985. King fala: “O Queen já era uma banda de imenso sucesso nos anos 1970, principalmente quando lançaram o hit ‘Bohemian Rhapsody’. Mas eles conseguiram ficar maior ainda depois do Live Aid, uma atuação magnífica que foi vista nos quatro cantos do mundo. Foram seis dias filmando esta sequência aqui na Inglaterra. Tivemos o maior rigor para que fosse mantido todo aquele clima de excitação. Mas voltando; depois do fenômeno Live Aid, o Queen não precisaria fazer mais nada, já que a imortalidade deles já estava garantida. É o que pretendemos também mostrar no filme”, fala King. Ele também esclarece que o filme termina neste ponto, já que a equipe de produção evitou mostrar os últimos anos e a morte do cantor.
A meta de King foi fazer um filme para o grande público, e não apenas por fanáticos pelo Queen, como explica. “Minha intenção era que este filme fosse o mais acessível possível”, fala. “A vida de Freddie foi muita rica. Não só por causa da incrível música que ele fez com o Queen, mas também por suas escolhas pessoais. Existem questões como a sexualidade dele, e o drama quando ele descobriu que estava com HIV. Mas tudo é tratado com extrema dignidade. Bohemian Rhapsody é um filme para você amar e sair abraçado quando ele acaba”, conclui.
Fonte: http://rollingstone.uol.com.br