Um dos artistas pop argentinos de maior projeção internacional, Fito Paez chega ao 22º disco com Canciones para aliens, um apanhado de canções de compositores que ele admira, como Chico Buarque (que canta numa das faixas), Bob Dylan, Freddie Mercury, Jacques Brel e até Giuseppe Verdi. É a primeira vez que Fito Paez lança disco de regravações de terceiros e, a julgar pelo comunicado que publicou em seu site, o modelo será explorado em seus próximos álbuns.
A intenção do artista com esse trabalho era reunir algumas das canções que considera mais bonitas, independentemente da nacionalidade dos autores, como se fosse preciso enviá-las para o espaço numa garrafa e revelar aos extraterrestres que a encontrarem algumas das melhores composições feitas na Terra. O mote é um prato cheio para os que gostam de criticar a suposta megalomania argentina, mas é preciso admitir a qualidade da seleção dos registros, todos cantados em espanhol.
Praia
O repertório é aberto com Baila por ahi, empolgante versão de Dancing in the streets, de Marvin Gaye, que demandou uma das maiores formações do disco, incluindo a banda de Fito, naipe de sopros e coro. Entre as 14 canções, apenas essa e outras duas são de artistas que originalmente cantam em inglês: Las dos caras del amor (versão de Someboy to love, sucesso do Queen) e Doblen campanas (Ring them bells, de Bob Dylan).
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O predomínio é de autores falantes do espanhol. As origens variam, representadas por El breve espacio en que no esta (do cubano Pablo Milanes, que canta como convidado na faixa), Conmigo (do uruguaio Hugo Fattoruso, que canta e toca acordeom na versão de Fito), Te recuerdo Amanda (do chileno Victor Jara) e Rata de dos patas (do mexicano Eduardo Norberto Toscano). Espanhóis aparecem com Un beso y una flor (da dupla Armenteros & Herrero) e Fiesta (Joan Manuel Serrat), enquanto a canção argentina fica com apenas um registro, Yo no quiero volverme tan loco (Charly Garcia)
Inevitavelmente chama a atenção Construccion, versão que Fito fez para a clássica Construção, de Chico Buarque. É a faixa que reúne maior quantidade de músicos (banda, naipe de metais e orquestra de cordas) e também uma das mais ousadas do ponto de vista estético, com bom arranjo e ares de tango dados pelas cordas e bandoneon. Curiosamente, Chico não canta nessa faixa, mas em Tango (Promesas de amor), do compositor japonês Ryuichi Sakamoto, arranjada como bossa nova.
A justificativa para a inclusão de uma canção brasileira no álbum talvez resida no fato de as gravações desse disco terem sido feitas não apenas no estúdio de Fito (Circo Beat), em Buenos Aires, mas também em Trancoso, no litoral da Bahia. Ele também havia gravado no país parte de seu trabalho anterior, Confiá (2010).
Por fim, duas releituras arriscadas completam o repertório que o músico argentino gostaria de enviar ao espaço: Ne me quitte pas (grande sucesso do belga Jacques Brel) e Va pensiero (dos italianos Giuseppe Verdi e Temistocle Solera). Esta última foi a única em Canciones para aliens que cantou em outro idioma – italiano, no caso.
Fonte: www.divirta-se.uai.com.br