Bochechas rosadas, rosto de eterno adolescente sonhador e problemático. Quem diria que, com esse perfil, o vocalista Tom Chaplin, do grupo britânico Keane, esteja sendo apontado quase por unanimidade como “o único no mundo pop capaz de substituir, mesmo que por alguns momentos, o cantor Freddie Mercury”.
A façanha de Chaplin pode ser conferida no YouTube. Ele foi convidado pelo Queen para um show beneficente, The Princes Trust Rock Gala, no ano passado. E interpretou It’s a Hard Life com os ex-parceiros de Mercury. É de fato impressionante. A voz de Chaplin poderá ser conferida in loco nos próximos dias no Brasil – o grupo Keane volta ao País para shows no Rio (dia 25, HSBC Arena) e em São Paulo (dia 26, Arena Anhembi), ao lado dos americanos do Maroon 5. No Rio de Janeiro, os ingressos esgotaram em três dias.
“Fiquei orgulhoso de ter cantado com o Queen. Foi adorável terem me convidado, eu cresci ouvindo sua música, Freddie foi uma inspiração para mim. Há chance de repetirmos o show, mas é preciso aparecer a situação certa. Estamos em turnê com nosso disco novo, e os outros artistas têm seus compromissos. Mas eu poderia perfeitamente voltar a fazer aquilo”, disse Tom Chaplin, falando por telefone, na tarde de quinta-feira.
O Keane já esteve no Brasil duas vezes: em 2007 e em 2009. Nas primeiras vezes, atuava como um trio, e a musicalidade era conduzida pelos teclados de Tim Rice-Oxley (o compositor do grupo). Agora, já têm um baixista entre eles, Jesse Quin (mais o velho baterista, Richard Hughes). Curioso que, apesar de ter vindo mais ao Brasil, desfruta de altíssimo prestígio na Argentina, o que surpreendeu até os rapazes do grupo.
“Gostaria de poder te dizer por que isso aconteceu. É difícil, acho que é algo na cultura, uma conexão com o som. Quando estou na América Latina, adoro a intensidade dos argentinos, sua passionalidade, sua entrega. São lugares muito diferentes. Já quando estou no Rio de Janeiro, acho tudo maravilhoso, a paisagem, a comida, os sorrisos. Me sinto melhor no Rio de Janeiro do que em outros lugares”, conta o cantor.
Altamente emocional, superpop na essência (baladas de letras rudimentares), mas com um cantor excepcional, a banda já tem 12 anos de estrada e chega a bordo de um novíssimo álbum, Strangeland. “A gente aprende muito com cada coisa que faz ao longo dos anos. Mas é possível, sim, dizer que esse disco concentra o que chamam de ‘som clássico do Keane’, porque é muito simples, muito direto, e as canções são interpretadas de um jeito honesto, poderoso”, avalia Chaplin.
Tim Rice-Oxley, o compositor, faz as coisas sempre num mesmo processo: mergulha em uma espécie de quarto escuro durante semanas e quando sai de lá já tem um lote de canções suficiente para um disco. Dessa vez, no entanto, saiu com uns quatro discos, tinha mais de 80 canções em mãos. “Não trabalhamos como num processo de eliminação. As 80 canções não foram todas ensaiadas e trabalhadas, nós só nos detivemos naquelas que pareciam claramente conectadas com nossas histórias pessoais, nossas experiências. É um processo muito orgânico para a banda”, diz o vocalista.
O nome do grupo, Keane, veio de uma vizinha do cantor em Battle, onde viveu. “Cherry Keane era muito amiga de minha mãe. Ela morreu quando eu ainda era um adolescente, mas foi uma grande incentivadora de minhas ambições musicais. Eu adorava o som do nome dela, e quando montamos uma banda, resolvemos adotar”, relembrou.
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Fonte: http://blogs.estadao.com.br
Dica de: Roberto Mercury