Queen – Um Bigode que fez toda a diferença!

As duas faces da Rainha: Artigo de opinião sobre a obra dos Queen

Começo pelo seguinte: Dizer á partida que não gostamos de um disco apenas por ser demasiado comercial e vender muitas cópias, não é um juízo correcto. Um disco, para merecer tal estatuto, possui certamente qualidades que o tornam apelativo a um grande número de pessoas e esse facto não deve ser desprezado. Podemos, isso sim, após o termos ouvido, concluir que não gostamos dele e essa conclusão deve partir da nossa apreciação pessoal e nunca baseada apenas naquilo que ouvimos dizer. Este é um artigo de opinião sobre a obra dos Queen, que divido em duas fases: o período entre 1973/1979 e o período entre 1980/1991. O segundo corresponde á consagração global dos Queen e, não por acaso, eu aprecio mais o primeiro.

Como toda a gente deste fórum, tomei conhecimento dos Queen através dos seus Hiper-Mega êxitos, mas a grandeza desta banda pode também ser medida pelas pérolas que não figuram nos seus Greatest Hits e que são bem capazes de surpreender a maioria das pessoas!

Lançado em 1973, o primeiro álbum “Queen” , não foi de todo um sucesso, mas continha já uma ideia dos predicados desta que era uma banda de Rock, mas diferente das demais que pululavam por toda a velha Albion . Temas como Keep Yourself Alive e Liar eram duros e apelativos, mas não conseguiram furar os Tops . Um ano depois, o segundo álbum, “Queen II” , apesar de continuar a senda de insucesso, foi uma declaração de intenções por parte da banda: Não obstante a sua curta duração, é uma obra massiva, onde a máxima Less is More não cabe. As pistas disponíveis em estúdio não pareciam ser suficientes e deve ter sido um pesadelo para o produtor. Múltiplas camadas de vozes, várias mudanças inesperadas dentro do mesmo tema, aquele som de guitarra único multiplicado por cem…Não gerou sucessos e sofreu de uma certa dispersão criativa, mas hoje, figura sempre na lista dos mais significativos discos dos Queen. Vale mesmo a pena ouvir a The March of The Black Queen .

Como era hábito na altura, o próximo disco saiu logo no final desse mesmo ano e funcionou como a chave que lhes abriu a porta para o sucesso, via um single estranho e inesperado chamado Killer Queen . Mais focado, variado e surpreendente, o álbum “Sheer Heart Attack” foi um sucesso. Continha malhas de rock pesado ( Brighton Rock , Stone Cold Crazy , Now i´m here ), ao lado de músicas de cabaret burlesco como Bring Back that Leroy Brown !

Entre 1975 e 1976, os Queen consolidariam o seu sucesso com aqueles que considero os seus melhores álbuns e que, na minha opinião, devem ser ouvidos como um todo: “A Night at The Opera” e “A Day at the Races” . Estes Queen são únicos e não encontram pares dentro do panorama musical da altura. Sobre a Bohemian Rhapsody , estamos conversados. É um clássico absoluto. Eles movem-se com desenvoltura pelo Rock, pela Pop e por desvarios operáticos, sem nunca caírem em facilitismos e simplicidade. Tudo isto, sem perderem o rumo. Se virem o Making of do “A Night at…” ficarão assustados com as camadas de instrumentos e vozes que uma canção conseguia ter!

Destes dois discos saíram a Bohemian , a Love of My Life , a Somebody to Love , a Tie Your Mother Down … mas quero salientar aquele que para mim é o mais belo momento de Freddie Mercury, em todo o seu esplendor e que não figura nos Greatest Hits: You take My Breath Away . Um sonho.

“News of the World” , de 1977, seria um disco um pouco estranho, principalmente pelos pouco ortodoxos dois primeiros temas, que de uma só assentada, seriam clássicos eternos com uma dimensão imensurável: We Will Rock You e We Are the Champions . Ao seu lado, duas malhas de Rock pesadão: Sheer Heart Attack e It’s Late . “Jazz” de 1978, seria o princípio do fim dos Queen desafiadores e experimentais, os meus preferidos. Começa com uma exótica Mustapha e produziria grandes êxitos como a Don´t Stop Me Now Fat Bottomed Girls a ou a Bicycle Race .

Com o mercado Britânico aos seus pés, os Queen queriam agora chegar ao mais difícil, vasto e apelativo mercado Americano. Para isso, seria necessário mudar de estratégia. Uma mensagem, para chegar a um grande número de pessoas, deve ser o mais objectiva e concisa possível e foi essa a direcção que eles tomaram. Após o disco ao vivo “Live Killers” e a banda sonora de “Flash Gordon” , surgia em 1980, um álbum chamado “The Game” . Another one Bites the Dust (Funk) e Crazy Little Thing Called Love (Rockabilly), simples e eficazes, conquistaram imediatamente os ouvintes Americanos!

O disco seguinte, “Hot Space” , uma abordagem Funk pouco compreendida pelos fãs, seria salvo pelo Mega-Hit Under Pressure , o célebre dueto de freddie com David Bowie.

É nesta altura que Freddie Mercury adopta a sua imagem mais famosa com aquele característico bigode, que eu costumo usar como a barreira de divisão entre os meus Queen Preferidos e os que já não aprecio tanto. Sim, isso mesmo: Um bigode como Benchmark , lol!

Dois anos depois, em 1984, “The Works” com temas como Radio Gaga , I Want To Break Free e Hammer to Fall colocaria definitivamente a banda num patamar de colossos do qual não mais sairiam. Deixariam de lado as canções complexas e desafiantes para se concentrarem em êxitos adequados a serem cantados por estádios a abarrotar por esse mundo fora. Apesar de ser a sua época mais famosa, não são estes os Queen de que mais gosto, embora tenham merecido essa consagração.

O resto é história. O Live Aid , a Magic Tour de 1986, uma mão cheia de êxitos, a morte de Freddie e a consequente sucessão de lançamentos desnecessários e reuniões mal conseguidas, que em nada dignificaram aquela que é a banda do coração de milhões de fãs por todo o mundo. O epitáfio perfeito teria sido mesmo o último e brilhante álbum gravado pela banda, “Innuendo” .

É grande o legado deste grupo de quatro grandes músicos e compositores, dos quais destaco um som de guitarra inconfundível entre todas as guitarras e a memória de uma voz imortal e de um brilhante condutor de multidões, como poucos o foram. É caso para dizer God Save The Queen .
Artigo escrito por porcoespinho

Fonte:  http://blitz.aeiou.pt

Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

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