Símbolo de toda uma geração. A mistura da música Clássica com o Rock, das origens pobres a realeza da Inglaterra. Quatro músicos que mudaram a cena do Reino Unido e do mundo para sempre, com canções icônicas e que nos fazem lembrar um mantra ou “uma reza” que nos pega em cheio, acompanhando o som com as mãos e os pés. Freddie Mercury com todo seu antes e pós “Mustache”, que nos deixou mais que saudades e uma vontade de resgatar o bem que o som do Queen faz para a nossa alma.
Hoje, quem dá as caras por aqui é o Antonio Lobato (Freddie Mercury brasileiro) do “Classical Queen” (Queen Cover) de São Paulo/SP que leva a magia e toda a saudade das atuações de gala do Queen em todos os shows por onde passam.
Abaixo, Antonio Lobato fala de todos os seus Porquês do Rock:
Qual foi o primeiro contato que você teve com o Rock?
Antonio Lobato: Vou citar 2 momentos. O primeiro foi através de uma propaganda de uma escola de idiomas em 1978, cuja trilha sonora era “Now I’m here” do Queen. Lembro-me até hoje da sensação ao ouvir aquele trecho “Down in the city just you and me…”, a energia daquele som era algo contagiante. Depois o contato real e definitivo veio através dos “Beatles”, quando John Lennon foi assassinado em 1980, eu era garoto, e houve um “boom” de tudo que era respeito aos Beatles.
Como e quando o Lobato se descobriu para a música?
Antonio Lobato: Quando nasci creio que não chorei, mas sim que cantei (rsrsrs). Desde minhas primeiras memórias, com 2 ou 3 anos de idade, já gostava de cantar. Tenho lembranças disso, morava no interior de Minas Gerais, lembro-me que cantava da varanda de minha casa para as vizinhas (rsrsrs). Comecei cedo com esse lance de “serenata” (rsrsrs).
O que o Lobato sente toda vez que se prepara para um show e empunha seu microfone?
Antonio Lobato: Sempre penso que estou fazendo o que mais amo na vida e o quanto sou grato por isso. Tudo o que quero é levar emoção ao público, tornar aquele momento especial na vida de cada um dos presentes.
O que significa estar em uma banda cover de renome como o “Classical Queen”, que leva a entidade do Queen ao santíssimo graal nos shows?
Antonio Lobato: Uma grande honra. Sem dúvida um privilégio tocar com músicos competentes e que assim como eu, amam o que estão fazendo. Somos amigos e entre nós não existem “egos”, “estrelas”, somos profissionais, temos um extremo respeito pelo público, não gostamos de fazer nada “mais ou menos” e nunca subimos num palco achando que o jogo está ganho.
Qual a sua opinião sobre a cena atual do rock e sobre os covers estarem invadindo cada vez mais os lugares com música ao vivo?
Antonio Lobato: A cena atual não só do rock, mas da música em geral, prá mim é extremamente pobre sobre todos os aspectos: letras, arranjos, melodias, harmonia, etc.. A mídia em geral insiste em querer impor ao público músicas sem nenhuma qualidade. Parece-me um acordo de governantes e mídias: “vamos evitar músicas que tenham contestação ou qualquer teor político-social, pão e circo para o povo”, afinal é bem mais fácil conduzir uma massa de alienados. Os covers (falo daqueles que de fato se preocupam com qualidade), têm se tornado cada vez mais profissionais, buscando na medida do possível, recriar os grandes shows das bandas que representam. Isso obviamente reflete no crescente desejo do público de nos assistir. Na contramão desta preocupação em fazer um espetáculo, existe por aí uma discussão idiota sobre covers X autorais, que os covers tiram espaços dos autorais e etc. Ninguém tira algo que você não tem. As orquestras sinfônicas fazem cover, certo? “Bach”, “Bethoven”, “Mozart”, “Wagner”, “Vivaldi” e tantos outros. Apresente ao público um trabalho autoral decente e tenha certeza que não faltarão espaços para se apresentar. Agora, se ficar com “musiquinhas” meia boca e achar que fazem um som revolucionário… Não se deve nunca parar de estudar. Estude, tenha autocrítica, crie algo verdadeiro e depois apresente ao público com preparo, competência e cuidados de uma produção visual, afinal conteúdo com uma bela embalagem ajudam, certo? Tenho amigos com trabalhos próprios de qualidade que estão se apresentando por todo Brasil.
O que o Lobato do início do “Classical Queen”, diria para o Lobato atualmente?
Antonio Lobato: Está valendo seu esforço, seus estudos e sua personalidade de querer melhorar sempre. Continue assim.
Quais foram os momentos mais marcantes em todos estes anos, e o mais engraçado nos shows do “Classical Queen”?
Antonio Lobato: Foram tantos momentos e lugares. O que mais me encanta é ver o encontro de gerações em alguns de nossos shows, quando acontecem em locais aberto ao público, avós, pais e filhos, curtindo o mesmo som. Aliás, shows em praças, eventos culturais ao ar livre têm sempre uma “vibe” incrível. “Motorcycle Rock Cruise” nas duas edições em que estivemos 2013 e 2015.
Viajar com “Classical Queen” é diversão garantida, sempre tem piada pronta. Vou citar um dos momentos: Fernando Gamba, nosso Brian May, tem sempre duas guitarras no palco. Num determinado momento do show, ele sai do palco para tirar uma parte do traje que está usando. Houve um show em que ao voltar ao palco e pegar a guitarra, ele pegou justamente a que estava desconectada do cabo (rsrsrs). Demorou alguns segundos prá ele perceber que algo estava errado e que o som não saía (rsrsrs).
Como você está vendo o mercado de Rock, público e as casas por onde passam?
Antonio Lobato: O Rock envelheceu e não vejo uma renovação consistente acontecer. No Brasil isso é por conta da alienação cultural que governantes e mídias insistem em promover. No mundo isso se dá pela preocupação do mercado em lançar um “produto” que venda rápido ao invés de tratar a música como arte. Sobre público e casas por onde passamos, faço o seguinte resumo: Casas com estrutura profissional e que levam a sério a palavra “qualidade” em toda sua dimensão, funcionários bem treinados, acomodações, serviços, produtos e uma agenda com bandas competentes e profissionais, continuam sempre cheias e faturando alto. O público que curte rock quer espetáculo, quer sair de alma lavada. Quem não gosta de assistir um bom show?
O mercado, em qualquer segmento hoje em dia, encolhe para quem não se preocupa com qualidade, para quem faz tudo de qualquer jeito. Pode até durar um tempo, mas nunca muito.
Várias décadas da morte do Freddie Mercury, e ele continua um legado que muitas bandas novas não o conseguiram ainda. Como você enxerga tudo isso?
Antonio Lobato: É preciso fazer música como arte e não como “produto”. Quem trabalha com arte tem que ser verdadeiro. Quem vai acreditar em algo que soa tão falso que nem mesmo quem fez, de fato acredita?
Passaram vários vocalistas após a morte de Mercury no Queen. Você enxerga o Queen como a banda de antes ou um projeto do Brian May e Roger Taylor?
Antonio Lobato: Um projeto de Brian e Roger para continuarem tocando, que é o que gostam de fazer.
E o lance do John Deacon não participar de tudo isso? Qual sua opinião?
Antonio Lobato: Só ele mesmo esclareceria os reais motivos de sua decisão. Substituir Freddie Mercury de fato não é tarefa fácil, tanto por seu talento musical, como pelo ícone que se tornou. Deacon era muito próximo de Freddie, e creio que com sua morte, preferiu não continuar aquilo que nunca mais seria a mesma história.
Qual sua Opinião sobre o “Queen Extravaganza”? E sobre o vocalista Marc Martel?
Antonio Lobato: Marc Martel sem dúvida alguma é talentoso e o “Queen Extravaganza” continua a levar a música do Queen ao público. É a banda tributo oficial que de forma competente apresenta diferentes e interessantes arranjos da obra do Queen.
Qual a preocupação com a caracterização do “Cover” ao mais fiel possível do original? Sobre os cenários e as vestimentas que vocês utilizam, qual é a pesquisa e a busca sobre os adereços?
Antonio Lobato: Na devida proporção, temos a preocupação em buscar recriar os shows do Queen.
Trazer aquela energia dos shows é o ponto principal. Fazer trajes, adereços de qualidade e usar instrumentos iguais, fazer tudo o mais próximo possível do original. Não dá para simplesmente colar um bigode postiço, uma jaqueta amarela e achar que é cover do Queen. Eu que sempre toquei violão e guitarra, fui estudar piano de forma intensiva para compor devidamente o personagem que me propus a fazer logo que entrei na banda. E continuo estudando piano diariamente, aliás estudar música sempre foi um grande prazer para mim. Busco sempre me aprimorar, o constante estudo ao piano, sempre assisto os mais variados vídeos de shows do Queen com olhar e ouvido atentos, ouço trackings isolados da voz de Freddie Mercury prestando atenção na sua colocação de voz. Quem me assistiu nas primeiras apresentações com o “Classical Queen” e sempre acompanha a banda, percebeu minha evolução na realização este trabalho. Meu timbre de voz é diferente, mas busco uma colocação de voz mais próxima possível e dessa forma, conseguir uma boa performance. Cada show que faço me traz mais aprendizados.
O que você sente toda vez que canta e brinca com a galera como o Freddie fazia, em algum lugar que o “Classical Queen” esteja tocando? E o que você realmente vê no olhar do público neste momento?
Antonio Lobato: Sinto uma grande honra e uma enorme responsabilidade. Quem me conhece sabe que trabalho sempre no máximo, não me poupo, minha personalidade não permite fazer nada mais ou menos. A recompensa dessa entrega e dessa verdade que busco levar ao público, vejo refletida no olhar das pessoas e em suas emocionadas palavras após o show. É muito gratificante.
Já conseguiram algum contato com os integrantes originais do Queen, ou mesmo deixar o material do “Classical Queen” para eles?
Antonio Lobato: Não.
Qual sua percepção de servir como um “Remédio” no momento do palco, e do show do “Classical Queen”, onde as pessoas esquecem todos seus problemas em suas vidas e saem anestesiadas e curadas de um show de vocês?
Antonio Lobato: Buscamos como banda, trazer aquela energia pura, aquela intensidade que eram os shows do Queen com Freddie Mercury. Uma espécie de transe coletivo, criar empatia com quem nos assiste, esse é o objetivo. Dar ao público a sensação de estar num show do Queen nos anos 80.
Nossa percepção é de que nossa entrega no palco reflete-se no entusiasmo da platéia e todo carinho que recebemos no pós-show.
Para a dedicação total ao Cover, vocês tiveram que largar seus empregos ou deu pra conciliar? E qual a posição da família sobre a decisão do cover como estilo de vida?
Antonio Lobato: Viajamos muito. Esse mês de julho, por exemplo, foram 13 shows. Não é fácil conciliar, mas é possível, dois na banda fazem isso. Eu conciliei no início, mas há quase dois anos optei só pela música, o que já era um projeto. Hoje, além dos shows com “Classical Queen”, dou aulas de canto. Nas poucas brechas de agenda da banda, apresento-me no formato voz e violão, “Acoustic Classics of Rock & Roll”. Minha mulher apóia totalmente minha decisão, sabe o quanto sou apaixonado por música, o quanto significa para mim.
Como é estar na estrada, e o que as “highways” deixadas pra traz nos shows estão trazendo para você com o “Classical Queen”?
Antonio Lobato: Vida plena. Música faz parte da minha vida desde sempre, e hoje poder viver dela significa muito, significa que persistir, sonhar e buscar realizar, depende de cada um de nós.
Existe o cansaço físico, claro, mas a alma fica renovada.
O que você tem escutado no cenário atual ou a “velha guarda” do Rock, ainda faz a sua cabeça?
Antonio Lobato: Das coisas um pouco mais recentes, curto muito “Audioslave”, pena que não durou muito. A velha guarda sempre presente, ouço muito “Whitesnake”, “Beatles”, “Stones”, “Elvis”, “Journey”, “Led Zeppelin”, “Pink Floyd”, “Deep Purple”, “Gleen Hughes”, “Dio”, “Rainbow”, “The Police”, “Van Halen”, “Aerosmith” e “Kiss” entre outros. E Queen, sempre muito Queen (rsrsrs). Adoro jazz, blues, bossa nova e música clássica, ouço pós show para relaxar.
Além do “Classical Queen”, você tem algum outro projeto musical ou algum hobby fora à música?
Antonio Lobato: Projetos sempre são muitos (rsrs). Além dos shows eventuais voz e violão com clássicos do rock que mencionei, tenho trabalho autoral solo e com a banda “Volúpia” que devo retomar até o final do ano. Também estou trabalhando um projeto de jazz, piano e voz que sonho há tempos realizar.
Para finalizar, o que você recomenda para os músicos que sonham com essa possibilidade de se dedicar a um instrumento e fazer acontecer levando a magia do original ao público?
Antonio Lobato: Estudar, praticar, ter autocrítica, ser verdadeiro. Palco é um lugar sagrado, seja qual tamanho ou lugar for. Respeite o palco, respeite o público, faça com amor. Outra coisa: deixe essa bobagem de ego, de se achar o máximo prá lá, isso só atrapalha. Ninguém é melhor que ninguém, a diferença está em quem se dedica e do quanto se dedica. Deixar as vaidades de lado é o melhor que se faz. Toque o instrumento que escolher e toque com ele o coração e mente das pessoas.
Vídeos do Classical Queen:
Site oficial: http://www.classicalqueen.com.br
Facebook: https://www.facebook.com/classical.queen.9
Youtube: Queen Cover Classical Queen Brazil
Contato pra shows: Tel: (11) 99122-0618 – Fernando / (11) 98945-7210 – Júlio
Fonte: www.oporquedorock.com.br
Dica de: Roberto Mercury