Queen em São Paulo: A Rainha não perdeu a majestade

O Queen sempre foi um grupo musical megalômano. Desde os seus primeiros shows, lá no início dos anos 70, a banda é considerada muito mais um conjunto de palco do que de estúdio. Seus shows, nos quatro cantos do planeta, promoviam verdadeiras catarses coletivas. E, mais de 35 anos após a sua fundação, o Queen continua o mesmo. Sorte nossa!

Antes de começar o show, a estrutura de palco já impressionava. Mesmo que a Via Funchal não seja uma casa muito grande, toda a parafernália que fez parte da turnê européia estava lá. Do supertelão com uma definição absurda à passarela que aproxima os músicos da platéia, Queen + Paul Rodgers fizeram um show digno do nome que carregam.

Às dez horas em ponto, as luzes se apagaram e o telão começou a exibir imagens de estrelas e meteoritos que voavam em cima da platéia. Os primeiros acordes da guitarra inimitável de Brian May em “Hammer To Fall” fizeram com que a platéia tivesse certeza que aquilo era um show do Queen, ainda que sem o seu maior líder.

Para esquentar bem o público, o Queen e o vocalista Paul Rodgers atacaram, de início, com grandes sucessos. A segunda do roteiro, “Tie Your Mother Down”, foi responsável por um dos momentos de maior empolgação, assim como “Fat Bottomed Girls”, “Another One Bites The Dust”, “I Want It All” e “I Want To Break Free”.

Em seguida, o conjunto mandou duas do novo álbum, “Cosmos Rocks”. “C-Lebrity” e “Surf’s Up… School’s Out” surpreenderam a quem pensava que o público da banda vive apenas dos áureos tempos de Freddie Mercury. Apesar de a sonoridade destoar um pouco das músicas do Queen (elas combinam muito mais com o Free e com o Bad Company, as antigas bandas de Rodgers), ambas as canções tiveram uma recepção muito boa.

E já que Paul Rodgers, nesse momento, era o centro das atenções, foi a vez de ele tocar, em momento solo, a sua “Seagull”, apenas com o violão. Mas, definitivamente, Rodgers não empolgou. Foi o momento ideal para pegar a cerveja no bar… Mas quando o vocalista chamou de volta ao palco o “doctor Brian May” (sim, o guitarrista é doutor em física!), a platéia presenciou um dos momentos de maior comoção da noite. Apenas com o seu violão, e no meio da passarela que o aproximava da platéia, May mandou, sozinho, “Love Of My Life”, sem dúvidas, o maior coro da noite. No meio da canção, o público repetiu o momento histórico do Rock in Rio, berrando o nome do guitarrista. E, assim como aconteceu em 1985, May, meio sem jeito, teve que parar a música no meio.

Com todos recuperados, o baterista Roger Taylor se junto ao guitarrista para “39″, sucesso de “A Night At The Opera”, principal álbum do Queen. A versão ficou um pouco capenga – Brian May chegou a errar a sua entrada vocal -, mas o público não se importou, e cantou música “folk-espacial” do início ao fim.

E agora, em democrático revezamento, era a vez de Roger Taylor ser o centro das atenções. Também na passarela, o baterista fez um solo um pouco inusitado. Tudo começou apenas com o bumbo. E, na medida em que a sua bateria estava sendo montada, ele já ia tocando, até chegar em “I’m In Love With My Car”, na qual mostrou grande habilidade ao tocar o seu instrumento e cantar ao mesmo tempo. O baterista também arriscou o vocal de “A Kind Of Magic”, enquanto Brian May fazia “figuração” no canto do palco. “Say It’s Not True” começou do mesmo jeito, sendo que, a cada nova estrofe, um integrante do conjunto aparecia. A canção, que contou com o vocal dos três, foi um dos grandes momentos da apresentação.

“Bad Company” (da ex-banda de mesmo nome de Rodgers) e a nova “We Believe” foram a deixa para Brian May brilhar. Após um impressionante solo de guitarra (com trechos de “Brighton Rock”), Freddie Mercury apareceu no telão, em cenas do show realizado no Estádio de Wembley, em 1986. A sua voz reverberou das entranhas dos alto-falantes da Via Funchal. “Bijou”, faixa de “Innuendo”, último álbum do Queen com Mercury vivo, fez com que muitas lágrimas escorressem dos mais fanáticos. A instrumental “Last Horizon” causou o efeito contrário. Dessa vez, foi a guitarra de Brian May que chorou, em um dos solos mais bonitos da história do rock.

“Under Pressure”, que veio em seguida, foi a grande surpresa da noite. Esta foi a segunda vez (a primeira foi na Argentina) que a banda tocou essa canção na “Cosmos Rocks Tour”. O público, lógico, adorou ouvir Taylor fazer as vezes de David Bowie, e May, as de Freddie Mercury. Com a platéia já na mão, o Queen não precisou se esforçar mais. Bastou apresentar “Radio Ga Ga” (com direito à bonita participação da platéia, com as palmas sincronizadas, tal qual no videoclipe), “Crazy Little Thing Called Love” (“Ready Freddie!” foi o maior berro da noite), “The Show Must Go On” e a apoteose final com “Bohemian Rhapsody”, que teve direito, mais uma vez, à participação, via telão, de Freddie Mercury cantando a sua primeira parte, no show realizado em Montreal, em 1981, e que saiu em DVD no ano passado.

No bis, Queen + Paul Rodgers voltaram a arriscar mais uma canção do último disco. “Cosmos Rockin’” teve a boa participação da platéia, assim como “All Right Now” (com direito àquele cheiro de maresia), sucesso do Free.

Com “We Will Rock You” e “We Are The Champions”, o jogo já estava ganho. E, ao final de duas horas e vinte minutos de apresentação, a platéia teve a certeza de que, assim como o rei, a rainha, apesar dos pesares, nunca perde a majestade.
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Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

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