Peter Straker está de volta aos holofotes. O cantor e ator de musicais, um dos melhores amigos de Freddie Mercury (que reciprocamente admirava seus dotes vocais e cênicos), marca seu retorno artístico com um álbum triplo de reedições. Intitulada “This One’s On Me”, mesmo nome do disco produzido pelo cantor do Queen e Roy Thomas Baker (produtor dos melhores discos do grupo) em 1977, a caixa traz ainda o álbum de 1979, “Changeling”, e “Real Natural Man”, de 1980. “Freddie Mercury podia ser brutal no trabalho. Mas não no sentido de cruel, ele apenas sabia muito bem o queria e ia em frente. Era fácil trabalhar com ele, uma alegria”, lembra Peter Straker, hoje com 76 anos.
Famoso astro da cena teatral de Londres, o jamaicano Peter Straker sempre interpretou papéis ousados, alcançando a fama em 1968, quando atuou como Hud na produção original de “Hair”. Confira abaixo sua performance impressionante em dois vídeos da época. O filme gay “Girl/Boy”, de 1972, e os musicais de imenso sucesso “The Rocky Horror Show” e “Tommy” também constam em seu currículo.
Seu álbum mais conhecido, “This One’s On Me”, é justamente o que dá nome a esse relançamento triplo e o que melhor reflete a diversidade artística e influências criativas da carreira de cabaré, sows e teatro de Peter. Entre as faixas, há músicas com referências à era de ouro do cinema, como “The Day The Talkies Came” e “Ragtime Piano Joe” e ao show business, como “The Saddest Clown” e “Vamp”. O lançamento inclui ainda os álbuns “Changeling”, produzido por Tim Freese-Greene, “Real Natural Man”, produzido por Reinhold Mack e Mike Allison, e faixas bônus. “This One’s On Me” foi produzido por Freddie Mercury e Roy Thomas Baker. Aqui, Peter Straker faz uma apresentação atual do lançamento, em vídeo.
“Conheci Freddie em um restaurante em Fulham Road, em Londres. Não lembro a data exata, talvez fim de 1974 ou começou de 1975”, lembra Peter, em entrevista ao Fã Clube do Queen. Freddie Mercury acabou produzindo o disco porque… bem, porque Peter pediu. “Para falar a verdade, eu pedi, né?(risos). Tinha visto shows do Queen, e adorado, genuinamente. Então perguntei: ‘Quero fazer um álbum. Você produziria?’ Foi bem bobo assim. E ele me deu a resposta direta”, conta.
O que é surpreendente é que, na resposta, Freddie lembrou que o estilo do Queen não estava muito por cima em termos de prestígio na época, por causa da onda punk. Corria o ano de 1977…
Peter Straker, acostumado à espontaneidade e energia pura dos palcos, já tinha lançado um álbum, “Private Parts”, pela RCA, em 1972. Mas lembra que no estúdio, aprendeu bastante com Freddie Mercury, de um jeito frustrante, às vezes. “Depois dos dois primeiros takes, raramente valia a pena ficar cantando mil vezes a mesma coisa. Era um pouco chato. Não dava para melhorar assim”, recorda. Mas a amizade entre os dois nunca foi abalada por problemas nos trabalhos do álbum. “Ele não era um chefe, um mestre distribuidor de tarefas. Lembrando agora, foi um grande privilégio”, define Peter Straker.
Na bela faixa gospel “Heart Be Still”, um dos destaques do álbum “This One’s On Me”, os dois cantam juntos, com Freddie Mercury humildemente ficando em segundo plano. A gravação original é da cantora americana Lorraine Ellison (1931-1983), da qual Peter e Freddie eram fãs e também conhecida pelo clássica “Stay With Me”.
A amizade de Peter e Freddie Mercury durou mais de 15 anos e, segundo relatos, só enfraqueceu quando o vocalista do Queen piorou de saúde por causa da aids. O cantor do Queen nunca se abriu com o amigo sobre a doença e acabou afastando Peter de sua convivência. Mas por muito tempo foi um grande incentivador de sua carreira, financiando projetos e participando cantando e tocando piano em gravações de Peter que, por sua vez, participou do videoclipe de ” The Great Pretender” e do álbum “Barcelona”, de 1988.
Algumas imagens do making of são hilárias, com Peter, Freddie Mercury e o baterista Roger Taylor se divertindo ao se montar como drags.
Os dois se divertiam muito juntos, como mostram algumas gravações amadoras no YouTube (aqui, entoando “Que Sera Sera).
A caixa, que apresenta os três álbuns com suas capas originais, inclui um livreto ilustrado com as com letras completas, histórias de Peter e Freddie em um ensaio chamado “Freddie & I” e memórias autobiográficas.
Aqui, alguns exemplos da potência vocal e da força de Peter Straker como performer.
Fonte: https://reverb.com.br/