Ricardo Schott, Jornal do Brasil
RIO – Não é Queen, e sim Queen + Paul Rodgers. É dessa forma que Brian May, guitarrista do célebre grupo inglês, faz questão de delimitar as coisas, em entrevista à Programa. Unido desde setembro de 2004, quando May e Roger Taylor (bateria) convidaram o ex-vocalista do Free e Bad Company para juntar-se a eles num show comemorativo dos 50 anos da guitarra Fender Stratocaster, o combo já soma dois registros (o disco ao vivo Return of the champions, de 2005, e o de inéditas The cosmos rocks, deste ano) e roda a América do Sul em turnê, com um roteiro repleto de sucessos.
E, mesmo que o encontro de dois integrantes do Queen (o baixista John Deacon preferiu não aderir) com o vocalista tenha lá suas boas novas, como o novo hit , C-lebrity, o passado é posto na apresentação deste sábado na HSBC Arena, na Barra. Mas afinal: vale a pena encarar o Queen sem Freddie Mercury? Entregamos essa pergunta a quem esteve diante do mito no Rock in Rio de 1985.
– Tenho uma certa implicância, não sei se consigo ver o cantor do Bad Company ocupando o lugar que um dia foi do Mercury – sentencia Toni Garrido.
– E o Queen para mim era o vocalista, era a pegada e a personalidade do Freddie.
O produtor (e guitarrista) Marcelo Sussekind tem senões.
– Não dá para dizer que tem só dinheiro na jogada, mas claro que fica um certo ar de caça-níqueis. Acho que cabe ao público assistir e avaliar – diz o músico, outro a jogar no time dos que acham Mercury insubstituível.
– Nem tem comparação, até porque ele era outra coisa. Nem era um cantor, era praticamente um ser extraterrestre.
O cantor Paulo Ricardo é outro que não levanta, de jeito nenhum, a plaquinha com a nota 10.
– Desde o tributo a Freddie Mercury feito em Wembley, em 1992, já estava claro que não dava para substituí-lo – delibera.
– As performances de George Michael, Axl Rose e Elton John ficaram aquém das dele. Mas o Queen é uma instituição, uma banda que tem grandes canções. É o que fica.
A volta deste Queen causa tristeza ao apresentador Amin Khader, que cuidou dos bastidores do Rock in Rio I e atendeu às exigências da “diva” da banda.
– É, ele realmente me deu trabalho nos bastidores do festival – lembra, rindo, Khader, que encarou até mesmo uma devastação no camarim do astro, feita pelo próprio.
– Mas o Queen era ele. Sem ele, que Deus o tenha, nada da banda me interessa. Fui ao show dos Scorpions (outra banda que tocou no Rock In Rio I), também no Arena, em agosto, e era praticamente a mesma banda, tocando as mesmas músicas. Assim, tudo bem. Mas não dá para ver o Queen com outro cantor.
Escaldado pela avalanche de críticas na Europa, May revela que a escolha de Rodgers (cujo trabalho como rockstar é anterior ao próprio Queen) já estava nas raízes do grupo. Algo do qual nem o próprio Rodgers, informado disso ao entrar para a banda, sabia.
– Freddie curtia o Bad Company nos anos 70 e foi influenciado por Rodgers. Acho que os fãs o estão recebendo muito bem – avalia o guitarrista.
– Não é da minha conta responder aos que não estão gostando. O que importa é que há química entre nós. E, onde quer que esteja, Mercury sabe que se trata de uma nova banda. Se ele soubesse da reunião, acho que gargalharia e cantaria junto.
Para ajudar na mise-en-scène, o vocalista nunca é tratado pelos colegas no palco como se estivesse substituindo o inesquecível Mercury.
Nos shows da turnê de The cosmos rocks, Rodgers tem até direito a cantar algumas das músicas que fizeram sua fama, como All right now, do Free, mas tem sido introduzido por May como “o nosso amigo Paul, que vem cantar umas canções com a gente”.
O camarada de May e Taylor agita, saracoteia, usa o pedestal do microfone como recurso de cena e concentra-se em músicas com pegada mais rock ‘n’roll. E os dois músicos sabem que nem tudo o que funcionou com Mercury funciona com o Rodgers: Killer Queen, por exemplo, é um dos hits evitados pela nova formação, por estar vestida só para a voz de Mercury.
Mas quase todos os grandes petardos estão lá. Com direito à participação do próprio Mercury em vídeo – o vocalista “canta”, com os antigos amigos e Rodgers, os sucessos emblemáticos Bohemian rhapsody e Bijou.
Roger Taylor abençoa os fãs novos e convida os antigos para ver que todos continuam na ponta dos cascos.
– Estamos tocando bem melhor. Quem viu nossos outros shows vai perceber isso – afiança o músico.
– Esse é um show completo, com diferentes tipos de humor e diversas mudanças de clima. É uma apresentação longa, mas passa muito bem rapidamente.
Animado com a nova situação, Paul Rodgers dá a cara à tapa.
– É excitante tocar com esses caras. Jamais havia me juntado a uma banda, apenas criado algumas. Isso é uma novidade boa – alegra-se o vocalista, que, talvez não por acaso, avisa que sua música predileta da banda é The show must go on.
– Fala tanto da música quanto da vida. E ambos precisam continuar, seguir em frente sempre. Sempre.
Há gente, muita gente, para apoiar essa configuração – com ressalvas. Saxofonista do Kid Abelha, George Israel tocou no Rock in Rio I com seu grupo e viu o show do Queen no palco.
– Não acho que seja uma armação, mas estranho que usem o nome – diz o músico.
– As canções são o patrimônio deles, eles têm todo o direito de continuar a tocá-las, mas não vai ser a mesma coisa.
Para mais informações adquire o jornal JB
JB
Fico chateado ao ver comentários de “artistas” de “meia pataca” como Paulo Ricardo e Toni Garrido, desclassificando o Show. Como o próprio nome diz, é Queen + Paul Rodgers, isto já ficou muito claro, ningúem quer substituir Freddie e, nunca poderá fazê-lo.Mas a oportunidade de ver músicos de verdade, tocando como se fossem adolescentes, Rock n’ Roll verdadeiro, puro, não teve preço…. Quem esteve em São Paulo e como eu no Rio, presenciou um verdadeiro espetáculo, cantamos e nos emocionamos, saimos de lá renovados e com a certeza que Freddie aprova de onde estiver, seus amigos continuando o Reinado da “RAINHA”. Quem é fã de verdade, soube diferenciar muito bem as coisas, sem fazer comentários diminutivos.