A extravagante e dramática trajetória do cantor do Queen é recontada em biografia que chega ao Brasil
O lugar era privilegiado. Do palco do Estádio de Wembley, durante o Live Aid, em 1985, a jornalista Lesley-Ann Jones podia ver, a olho nu, a maior concentração de estrelas da música daquela época. Lá estavam Elvis Costello, Sting, Sade, Phil Collins, o Dire Straits de Mark Knopfler, o Style Council de Paul Weller, David Bowie, The Who e Paul McCartney, em seu primeiro show depois da morte de John Lennon, em 1980. Mas ela não conseguia tirar os olhos de uma pessoa: Freddie Mercury, o extraordinário vocalista do Queen, que faria, para muitos, a mais arrepiante apresentação da noite, misturando, em apenas 18 frenéticos minutos, hits como “Radio ga ga”, “Bohemian rapsody”, “Crazy little thing called love”, “We will rock you” e “We are the champions”, emocionando as 72 mil pessoas ali presentes e as quase dois milhões que assistiram ao evento pela televisão em todo o mundo.
— Foi a mais incrível experiência da minha vida. Nunca vi nada igual — afirma ela, por telefone. — Parecia uma cena de “Quase famosos”, já que hoje essa proximidade dos astros seria impossível de acontecer, em meio a tantos assessores de imprensa e relações públicas. Lembro de Bowie, incomodado com o calor daquele dia, conversando com Freddie, tranquilo, de camiseta. E, quando ele subiu ao palco com o Queen, parecia que tinha dobrado de tamanho. Foi incrível o que ele fez naquela noite. Ele se agigantou.
Autora de “Freddie Mercury — A biografia definitiva” (Record), Lesley-Ann esteve perto do cantor do Queen, morto em 1991, inúmeras outras vezes e relata essa e outras histórias — a amizade com Elton John, a frustrada parceria com Michael Jackson, o conturbado lado emocional, a infância em Zanzibar etc. — no livro de 490 páginas. Escrito originalmente em 1997, o trabalho foi quase todo refeito em 2011, ganhando uma nova edição — a mesma que chega agora ao Brasil — com o acréscimo de 102 entrevistas, a maioria com pessoas que inicialmente não quiseram falar sobre o músico, que morreu por complicações decorrentes da AIDS sem jamais ter assumido a doença e sua própria homossexualidade.
— Muita gente tinha receio de falar sobre Freddie, por respeito a ele e pelas circunstâncias de sua morte. Havia também muito medo de más interpretações — explica ela. — Por isso, muitos se esconderam.
A saída das pessoas do armário e a própria revisão do livro aconteceram por uma série de motivos, que tornaram Freddie e o Queen estrelas maiores do que eram durante os seus anos em atividade.
— O Queen era um fenômeno pop em todo o mundo, sem dúvida, mas o grupo ganhou um novos status com o sucesso do musical “We will rock you”, que estreou em 2002 em Londres, e também com o fato de músicas como “We will rock you” e “We are the champions” terem se tornado hinos em jogos de futebol e do basquete americano. Desde então, a voz de Freddie se tornou um marco, inclusive para novas gerações e para pessoas que antes o rejeitavam. Hoje todos querem falar sobre ele e saber quem ele era.
No livro, Lesley Ann Jones liga a conturbada vida emocional do cantor do Queen — cujo nome verdadeiro era Farrokh Bulsara —, às repressões que sofreu durante a infância e adolescência, passadas entre Zanzibar, a Índia e depois a Inglaterra, para onde se mudou com os pais, em 1964.
— Ele foi forçado a esconder a sua sexualidade desde cedo, com medo da reação dos pais. E mesmo quando ela aflorou, quando estava na Inglaterra, havia muito moralismo em torno do assunto — conta a jornalista, que descreve o músico como “uma pequena figura, com um jeito encantador de menino”. — Talvez por isso ele tenha se entregado a uma vida com poucas regras, em busca do afeto que nunca teve.
Durante um encontro com a autora, num bar em Montreux, na Suíça, onde a banda tinha um estúdio, Mercury confessa ter criado um monstro para si mesmo — embalado por fama e dinheiro, e movido por sexo e drogas — e que desejava “fugir dela”. Foi essa personalidade que teria feito desandar a parceria que o cantor tinha com Michael Jackson.
— Eles chegaram a ser bons amigos e tinham planos de fazer músicas juntos, mas Jackson se horrorizou com os vícios de Freddie e se afastou. É irresistível imaginar o que essa parceria teria rendido.
Curiosamente, esses mesmos maus hábitos fizeram com que Mercury se aproximasse de outro amigo, Elton John, com o qual travava um perigoso duelo para ver quem ia mais longe na vida loca.
— Eles tinham o mesmo empresário, e isso os aproximou mais ainda. Era uma relação de carinho, respeito e admiração, mas que, sem dúvida, tinha também um componente de extravagâncias e loucuras.
Com a experiência de quem acompanhou o meio musical por quase três décadas, Lesley-Ann acredita que Freddie Mercury — cuja vida, dizem os boatos, deve se transformar em filme brevemente —foi uma das últimas estrelas do rock.
— Pelo próprio estado do mercado fonográfico, não há mais condições de produzirmos estrelas assim. Talvez por isso, ele ainda seja tão cultuado e amado.
Fonte: http://oglobo.globo.com
Dica de: Roberto Mercury
Freddie mercury sempre sera uma estrela brilhante e sempre sera amado por todos. Um exemplo de força mesmo nas horas dificies. Freddie forever
O Michael é mesmo um fofo, mas eu gostaria que eles tivessem feito mais coisas juntos, os dois maiores artistas de todos os tempos tinham que se unir um pouco, explosão de talento, hoje o que resta é Rihanna com Britney, Lady Gaga com Beyonce, Katy Perry com Kanie West, que tédio….