“Foi minha culpa”, diz Roger Taylor sobre sintetizadores

Em 1979, os integrantes do QUEEN, sem a pretensão exata de gravar um disco, entraram no Musicland Studios para algumas sessões, enquanto tinham agenda a cumprir no Japão. Nesta época, a banda conheceu o produtor musical alemão Reinhold Mack, o qual trabalharia com o quarteto por um longo tempo. Quando Freddie compôs “Crazy Little Thing Called Love” e foi para o estúdio, ali, começava o trabalho que culminaria no álbum “The Game”.

A banda vinha de uma turnê longa e cansativa, que, mesmo trazendo altos lucros, apenas seguiu algumas questões internas que se estendiam com força desde as gravações do álbum “Jazz”: a vida pessoal agitada de Freddie Mercury, a qual estava influenciando negativamente sua performance vocal, e a insatisfação de Roger Taylor com suas próprias composições. Segundo John Deacon em uma entrevista dada anos depois, Taylor era o músico que mais escrevia canções para o QUEEN, mas as obras eram incapazes de competir com as músicas de Brian e Freddie, os compositores majoritários, o que fez com que se tornasse o primeiro a lançar um disco solo, isso em 1981.

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Por conta disso, a medida em que a banda lançava singles que se tornariam parte do futuro álbum, “The Game”, Roger foi um dos que se colocavam a favor de mudanças na música da banda. Ele e John Deacon não gostaram de “Jazz” (por motivos distintos), mas Roger estava disposto a acrescentar algo de novo em suas músicas.

No livro Is This Real Life? The Untold Story of Queen, do jornalista Mark Blake, Taylor fala sobre a inclusão de sintetizadores nas faixas do QUEEN: “Temo de que foi minha culpa. Eu comprei este sintetizador polifônico da Oberheim. Eu mostrei para Freddie, e imediatamente ele estava… tipo, “Oh, isso é bom, querido!”. A ideia inicial era de que o instrumento fosse utilizado apenas nas duas composições de Roger para o álbum, “Rock It (Prime Jive)” e “Coming Soon”. No entanto, Mercury, e até mesmo Brian trouxeram o teclado para suas músicas. John foi o único que se prendeu aos moldes antigos, utilizando piano e guitarra para criar os efeitos em “Another One Bites the Dust” e o típico violão em “Need Your Loving Tonight”. Mack diria: “Roger era o único em busca de um novo som”, embora o baterista tenha sido voto vencido em lançar “Coming Soon” como single e ter tido “A Human Body” rejeitada para o disco, sendo substituída por “Don’t Try Suicide”, de Mercury.

Durante as gravações, Brian estava insatisfeito com a forma pela qual o produtor Mack sugeria que seu trabalho na guitarra fosse mais simples. Por causa disso, durante as gravações do álbum, o guitarrista deixou o QUEEN, voltando dias depois. No entanto, May se embriagava durante as gravações, enquanto entrava em discordâncias com Roger. Freddie, por sua vez, encarava a situação com sarcasmo: “Quatro galos de briga. Adorável!”

A maior discussão durante a gravação de “The Game” ocorreu durante a produção de “Rock It (Prime Jive)”. Roger queria ser o intérprete, enquanto Mack optava por Freddie. Duas versões para a música foram gravadas, uma na voz de Taylor, outra por Mercury. A decisão ficaria por Brian May e John Deacon. Brian optou por Freddie, enquanto John optou por Roger. No fim das contas, as versões foram mescladas.

Apesar dos contratempos, a banda ficou satisfeita pelo resultado do disco, principalmente Roger. John, por sua vez, viu suas duas músicas para o álbum se tornando singles, com “Another One Bites the Dust”, até os dias de hoje sendo o maior sucesso da banda em solo norte-americano. Embora o uso dos teclados exista no disco, a turnê seguiu sem sintetizadores.

Alexandre Portela

Fã do Queen desde 1991. Amante, fascinado pela banda e seus integrantes. Principalmente Freddie! =)

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