Na posição de assistente pessoal e, depois, amante do cantor, o homem foi um dos responsáveis pelos períodos negativos na trajetória do Queen
Para os milhões de fãs de Queen, o filme Bohemian Rhapsody, de 2018, foi uma forma de se aproximar ainda mais de seus ídolos. Quase documental, o longa ilustrou a vida, a obra e o fim de Freddie Mercury, de um um jeito que ninguém esperava.
Ainda que bastante fiel à trajetória do grupo de rock, o filme estrelado por Rami Malek tem alguns pontos distintos da realidade. Nesse sentido, uma das figuras que mais teve suas atitudes criadas por Bryan Singer, o diretor do longa, foi Paul Prenter.
Na posição de assistente pessoal e até empresário de Freddie, Paul realmente não era muito querido pelos fãs e pelos membros do Queen. No filme, inclusive, ele assumiu o posto de vilão, interpretado por Allen Leech.
Uma relação repentina
Ao contrário do que o longa conta, Paul nunca foi indicado ao Queen. Ele, na verdade, conheceu Freddie em 1977, enquanto trabalhava em uma rádio da Irlanda do Norte. A partir daí, segundo o The Belfast Telegraph, eles iniciaram sua relação conturbada.
No começo, tudo parecia bem e a amizade tinha um ar inovador, talvez porque Paul não era uma estrela de rock. Ou talvez porque Freddie gostasse mesmo dele. De qualquer forma, é sabido que, em determinado momento, os dois viraram amantes.
Em 1982, por exemplo, Paul foi o culpado pelo desvio de atenção e pelo mal desempenho de Freddie no álbum Hot Space. Naquela época, até mesmo os integrantes do Queen enxergavam o amigo do vocalista como uma má influência.
Mas não pense que essa influência era tão definitiva para Freddie como o filme mostra. Paul nunca chegou a motivar a separação da banda, muito menos guiou o cantor para dentro do mundo das drogas e das orgias homossexuais.
Um lobo em pele de ovelha
De fato, Paul nunca influenciou o vocalista do Queen a usar drogas de forma desenfreada, mas ele realmente traiu a confiança de Freddie. Na vida real, ao invés de ser demitido por não contar sobre o Live Aid para o cantor, ele foi responsável pelo vazamento de diversas informações pessoais da banda.
Segundo o The Mirror, Freddie apenas demitiu Paul quando ele deu com a língua nos dentes em uma entrevista ao tablóide do The Sun, em 1986. Naquela época, o vocalista do Queen já estava se recuperando da vida festeira que tinha com o amante.
Esse distanciamento das festas, das polêmicas e, de certa forma, das drogas, foi um dos fatores que mais irritou Paul. A relação dos dois estava desmoronando e, com isso, o assistente de Freddie decidiu contar tudo que sabia.
Dessa forma, Paul vazou informações confidenciais tanto do vocalista quando da banda para o The Sun. Tudo foi publicado em uma revista, e não em um programa de televisão, como o filme mostra.
Na publicação, Paul realmente colocou todas as cartas na mesa e expôs a vida de Freddie nos menores detalhes. Ele comentou sobre Jim Hutton, falou sobre o estilo de vida do cantor, revelou outras relações que o vocalista teve e ainda afirmou que dois dos parceiros de Mercury haviam morrido de AIDS.
Uma personalidade teatral
Por mais ou menos influente que fosse na vida de Freddie, Paul Prenter foi um dos principais coadjuvantes da trajetória do Queen. E, ainda que não fosse tão querido quando os outros, recebeu uma homenagem de Brian May, um dos integrantes da banda, em 2018 — segundo o artista, Paul “nem era tão ruim assim”.
Considerado o traidor da história até hoje, Paul foi vítima de complicações da AIDS e morreu em agosto de 1991, três meses antes de Freddie. Ele chegou a tentar se desculpar com seu amado, mas suas tentativas foram ignoradas pelo vocalista.
Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/