O gerente do hotel onde a seleção brasileira está hospedada chama-se… Xuxa. Na verdade se escreve Shousha, mas você pergunta pro cara o nome dele, ouve a resposta e começa a dar risada. É coincidência demais! Pois bem. Shousha é suíço. Não imaginem um sujeito alto, loiro, com cara de europeu. Ele é filho de egípcio com francesa, então tem pele morena e um aspecto do Oriente Médio mesmo.
Conversando sobre a Tanzânia com ele, uma frase me chamou a atenção. “A Tanzânia é a Suíça da África”.
Pensei na hora: que cara exagerado. Chamar um país desse de Suíça é brincadeira.
Mas ele tem um ponto. Segundo Shousha, que, repito, é suíço e mora na Tanzânia, em nenhum outro lugar do continente o convívio entre as raças é tão harmonioso. Por aqui há negros típicos da África Central, há muitos decentes de indianos e, também, do mundo árabe. O sul do país é mais povoado pelos negros, o norte, pelos indianos, as ilhas, pelos árabes. A mistura total ocorre na maior cidade, Dar es Salaam.
É onde estou e onde a seleção brasileira faz seu último amistoso antes da Copa. O jogo será aquela baba. A Tanzânia é uma seleção fraca… só não entendo por que jogar com quase 30 graus de calor se a Copa será disputada em temperaturas próximas de zero.
A população da Tanzânia é de pouco mais de 40 milhões, sendo que quase 10% disso em Dar es Salaam. Era a capital do país, até que o Parlamento foi transferido para Dodoma. Continua, no entanto, sendo sede de muitos escritórios governamentais e o lugar mais importante da Tanzânia. Aqui, como disse o gerente, a mistura é total. É uma cidade litorânea (com praia feinha, feinha) e com presença muçulmana não só no nome. Do aeroporto até o hotel, vi muita gente sentada na porta de casa, batendo papo na rua – coisa que me fez de lembrar de Dubai e Manama (Bahrein), dois lugares por onde passei e de maioria islâmica.
Tanganyika conseguiu sua independência dos ingleses em 1961, sem guerra. Em 1964, após anexar as Ilhas Zanzibar, foi formada a Tanzânia, puxando a primeira sílaba de cada região. O primeiro presidente foi Julius Nyerere, um ícone africano e que dá o nome ao aeroporto.
E sabem quem nasceu nas tais ilhas que formam o arquipélago de Zanzibar? Fred Mercury! Isso mesmo, o histórico vocalista do Queen é inglês porque, quando nasceu, isso aqui pertencia aos britânicos. Mas, hoje, seria tanzaniano. O nome dele de verdade, não o artístico, era Farokh Bulsara. Será que ia pegar??
No meio do país, o pico mais alto da África (e que dá nome à principal cerveja, já devidamente provada por mim e pelo PVC). O Kilimanjaro. Uma montanha gigante, com quase 6000 metros, que foi um vulcão e que tem neve eterna no pico.
Beeem melhor que o Zimbábue, que conheci há alguns dias. Mas que me desculpe o Xuxa daqui. Qualquer semelhança com a Suíça… é mera coincidência.