Os Álbuns gêmeos
A Night At The Opera e A Day At The Races.
Com a sua fachada escura e brasão bem visível, A Day At The Races mostra-nos que a Rainha vai tanto à noite à ópera, como de dia às corridas …
Sim – A Day At The Races – o gêmeo semelhante mas não idêntico, espreita como uma joia sombreada que imita o seu irmão anterior, ainda que com várias diferenças, mas com a habitual marca inconfundível do ecletismo Queen …
Um interessante dualismo estético com título que evoca a palavra dia, mas com fundo preto, face à outro que nos fala de noite, e se destaca sobre fundo branco, A Day At The Races é um disco que dá a conhecer uma ideia de rock que já começa a apontar ligeiramente para a síntese musical.
Afastamo-nos da visão dos Álbuns conceituais, apontamos para um rock mais duro e direto. Ainda persistem alguns barroquismos pomposos, mas de forma mais moderada. O rock progressivo é diluído e simplificado, deixando muitas elaborações sinfônicas e overdubs para o gêmeo anterior histórico, obra-prima inquestionavelmente imortal.
Inesquecível a ideia do filme dos irmãos Marx ( do qual Queen também tira o outro título A Night At The Opera ) inspirando o título dos dois discos que o Queen queria lançar junto, e o motivo das tantas semelhanças entre eles.
Outra observação a fazer é que neste Álbum (ADATR), Brian May surge como um dos principais autores de canções, em comparação com Freddie Mercury, que se destaca no Álbum anterior.
A Day At The Races é um Álbum em que são palpáveis as influências da sua segunda turnê no Japão e em que as primeiras palavras não inglesas estão presentes (não é por acaso que temos aqui Teo Torriatte, com alguns versos na língua do sol nascente), e maior variedade nos temas das canções, incluindo um pouco de política ( White Man não poupa críticas ) e que resulta num disco de grande variedade estilística, bem embalado, que demonstra grande versatilidade e habilidade do Queen moldar-se às próprias necessidades e às do tempo, e saber mudar sempre com grande destreza.
No entanto, nota-se o sentido de continuação e de ligação com o gêmeo branco, se observarmos as afinidades estilísticas entre algumas faixas dos dois discos.
E você, percebe isso?
Fonte – Queen Don’t lose your Recension