Outro dia, dando uma zapeada na web, deparei-me com uma notícia espantosa. Uma publicação britânica organizara uma eleição para escolher o melhor vocalista de rock de todos os tempos. Para minha surpresa, ganhara Liam Gallagher, ex-vocalista do Oasis, grupo anteriormente liderado por ele por seu irmão, Noel.
Santa ignorância, mas quem organiza um pleito assim não pode esperar lá muita coisa. Quando a Fifa fez o mesmo para escolher o melhor jogador da história, deu Maradona na cabeça, com Pelé em segundo lugar.
Se coisas desse tipo surpreendem de um lado, não chegam a espantar de outro. Como quase todas as eleições são realizadas pela Internet, quem é mais jovem e não viveu os tempos passados tende a supervalorizar os ídolos recentes, em detrimento dos ícones do passado.
No caso, dava pra fazer uma lista inteira de vocalistas melhores e, principalmente, com mais presença de palco do que Liam Gallagher: Robert Plant (Led Zeppelin), Joey Ramone (Ramones), Mick Jagger (Rolling Stones), Pete Townshend (The Who), só pra ficar nos que me vieram à cabeça agora.
Mas, se eu tivesse de escolher somente um, não teria dúvidas: cravaria Freddie Mercury.
Farrokh Bulsara, mais conhecido como Freddie Mercury, nasceu no Zanzibar, à época uma possessão britânica. Jovem, foi de mala e cuia para a metrópole inglesa, e começou a se descobrir. Literalmente.
Corajoso, assumiu sua condição bissexual sem pestanejar, mesmo sabendo do preconceito de que certamente seria vítima no futuro. Estudou e graduou-se designer com méritos na Ealing Art College. Mas o centro do palco era seu destino.
Reunido com mais dois colegas de turma, Brian May (guitarra) e Roger Taylor (bateria), Freddie chamou um baixista (John Deacon) e deu início a uma banda de rock diferente de tudo que se vira até então. Nascia então o Queen.
Com um visual claramente irônico, Freddie vestia-se como “machão” no palco: jaquetas de couro, chapéu de polícia, calças escuras e, é claro, o indefectível bigode proeminente. Provavelmente, Freddie queria demonstrar, com seus trejeitos, o quão ridículo era o preconceito contra os bi e os homossexuais. Para sua glória suprema, seu visual acabou resultando na associação da figura do “machão” ao de uma “bicha enrustida”. Daí figuras caricatas, como Pit Bicha e afins, claramente inspiradas no figurino de Mercury nos palcos.
A despeito do visual, ou, talvez, por causa mesmo do visual, Freddie tinha uma presença de palco absurda. Sem ele, parecia só um amontoado de estruturas, luzes e caixas de som. Com ele, parecia que aquele espaço tinha sido dominado por algum tipo de entidade, capaz de hipnotizar o público e fazê-lo entoar cada letra de uma canção. Freddie Mercury era, por assim dizer (e com trocadilho, por favor), a “Rainha” dos palcos. Nunca antes e – nunca depois -algum vocalista conseguiu uma interação tão profunda com a platéia. Ou quem mais seria capz de reger um coral de 500 mil pessoas no Rock in Rio I, a cantar Love of my life?
A bissexualidade, entretanto, cobrou um preço alto. Mercury contraiu AIDS e morreria ainda muito jovem, aos 45 anos, em 1991. Para o palco, ficou o vazio. Para o coração dos fãs, ficou a saudade. E, para os jovens de hoje e de amanhã, ficaram as músicas e a mensagem que elas trazem.
Uma sugestão para lembrar que percorrer o passado é sempre uma experiência engrandecedora.
Fonte: www.blogdomaximus.com
Dica de: Roberto Mercury
Eu tenho 11 anos e fui bem incentivada pela minha familia a gostar do Queen e meu maior sonho que não pode mais ser realizado e ir no show do Queen mais o Queen original
Chorando aqui, que texto lindo… e lendo tudo isso, eu penso o que será da música agora.