Hum, aquela banda que você amava resolveu voltar depois de 14 anos? O sinal amarelo começou a piscar, não? Sim, nada mais natural. Afinal de contas, o retorno é sempre complicado, ainda mais se um dos integrantes da banda (no caso o vocalista) tenha morrido. O Queen que o diga… Até hoje há quem apedreje Brian May e Roger Taylor pelo fato de terem dado continuidade a uma das maiores instituições do rock, sem Freddie Mercury.
Sim, o Alice In Chains não tem o mesmo peso que o Queen. Mas o fato de a banda, uma das expoentes do movimento grunge, no início dos anos 90, ter se reunido novamente também pode deixar os seus fãs preocupados. Entretanto, para início de conversa, já é bom que fique claro que o novo vocalista da banda, William DuVall, manda muito bem. Logicamente que substituir Layne Staley não é tarefa fácil. O vocalista doidão está no hall daqueles chamados insubstituíveis.
Mas se o fã do Alice In Chains ainda sentir certo estranhamento com a voz de DuVall (que, aliás, em alguns momentos, lembra a de Staley), certamente reconhecerá de primeira a guitarra pesada de Jerry Cantrell (que também continua afiado como compositor) e a cozinha poderosa do baixista Mike Inez e do baterista Sean Kinney. Ou seja, tudo muito parecido, o que faz de “Black Gives Way To Blue” (provavelmente um título autobiográfico para a banda) um álbum digno para figurar na discografia do Alice In Chains, ao lado de petardos como “Facelift” (1990) e “Dirt” (1992).
A faixa de abertura do álbum, “All Secrets Known”, é um bom aperitivo do que poderá ser encontrado nas dez faixas restantes. Rock poderoso, pesado, com letra sinistra, e uma voz com aquele velho tom tenebroso, como se um defunto estivesse levantando do túmulo. A sonoridade do álbum, de um modo geral, lembra muito a dos antigos discos do Alice In Chains. Elas seguem um determinado padrão, mas, ao mesmo tempo, são diferentes entre si. Cada uma carrega uma carga diferente, de forma que o ouvinte não se canse. Pelo contrário. Em alguns momentos, chega a impressionar o modo como o Alice In Chains é capaz de fazer músicas tão originais ao seu estilo. Atualmente, quando nada se cria e tudo se transforma, é bonito ouvir uma banda que não esquece as suas origens. Se tiver dúvidas, coloque para rodar faixas como “Check My Brain”, “Your Decision”, “Acid Bubble”, “Private Hell” e a porradaria de “A Looking In View”.
Depois de 14 anos de hiato, talvez somente duas canções destoem um pouco do Alice In Chains tradicional. “When The Sun Rise Again”, com toques acústicos, soa um pouco distante do Alice In Chains clássico. Mas nem por isso pior. Já a faixa-título, que encerra o álbum (e conta com o piano de Elton John), é uma balada pop que poderia ter ficado de fora do álbum. Sim, ela é bonita, mas fica a impressão de que o disco do Alice In Chains acabou e já começou a rodar o álbum seguinte que está no seu iTunes.
Se você é daqueles que acham que uma banda que perde um de seus líderes nunca deveria voltar, seria bom ouvir “Black Gives Way To Blue”. Pelo menos o Alice In Chains conseguiu provar que a escuridão pode dar lugar ao céu azul. Resta saber se, no próximo álbum, esse céu azul será de brigadeiro.
Fonte: www.sidneyrezende.com
algum de nós fãs,quis ou ainda quer ''apedrejar'' Bri e Rog?¬¬