A Night at The Opera’ volta reformulado

‘A Night at The
Opera’ volta reformulado

Dojival Filho
Do Diário do
Grande ABC

A poderosa “rainha” do rock ‘n’ roll está de volta, mais
majestosa que nunca. Catorze anos depois da morte do cantor Freddie Mercury,
vítima de Aids, o Queen, banda que encarnou como poucas o espírito pomposo e
hedonista dos anos 70, celebra em grande estilo o 30º aniversário de sua
obra-prima, A Night at The Opera (EMI, R$ 78 em média), com o relançamento do
álbum de 1975 em versão remasterizada, acompanhado por um DVD com um
documentário e os clipes das 12 canções da bolachinha. A faixa Good Company
ganhou um novo vídeo, especialmente criado para esta edição.

O álbum é o quarto na discografia do grupo britânico e
representa o ápice da mistura entre rock e elementos operísticos. Um dos
melhores exemplos dessa fusão é o clássico Bohemian Rapsody, o primeiro do Queen
a vender mais de um milhão de cópias. Literalmente, é uma pérola. Com seus quase
seis minutos de duração, vocais sobrepostos e diversas variações rítmicas, a
canção, escrita por Mercury, foi considerada pela crítica especializada como
experimental demais e pouco “radiofônica”. Uma tremenda baboseira, como ficou
demonstrado tempos mais tarde, quando a música ficou nove semanas no primeiro
lugar das paradas inglesas.

À época, o Queen, também formado pelo magistral guitarrista
Brian May, o baixista John Deacon e o baterista Roger Taylor, estava atolado em
problemas financeiros e não via nada muito promissor no horizonte. Os três
primeiros discos (Queen I, Queen II e Sheer Heart Attack) fortemente
influenciados pelo heavy metal, não tinham provocado grande repercussão.. Com a
ajuda de John Reid, então empresário de Elton John, a banda resolveu seus
problemas práticos e se dedicou exclusivamente à busca pela primazia.

A Night at The Opera tem esse gostinho de auto-afirmação. Para
se ter uma idéia da garra do grupo, atualmente com Paul Rodgers (ex-Free e Bad
Company) nos vocais, basta saber que, de tanto repetirem a gravação de takes
para Bohemian Rapsody, a fita master perdeu o óxido e ficou transparente. Lenda?
Pode até ser, mas os integrantes do Queen garantem no documentário que foi
exatamente isso o que aconteceu.

Sintetizadores – Outro detalhe curioso é a inscrição “No
Synthesisers!” (Sem sintetizadores), no encarte do álbum. Na década de 70,
muitos pensavam que May utilizava esse instrumento eletrônico para produzir seus
timbres e linhas melódicas inconfundíveis. Com uma infinita gama de
possibilidades, o sintetizador era uma verdadeira febre naquele período por
permitir a reprodução artificial de sons da natureza e outros instrumentos
musicais.

Mas o músico apenas estava munido de sua inseparável guitarra
artesanal, moldada e construída com a ajuda do pai. A matéria-prima usada foi a
madeira do telhado da casa da família. A palheta de May era uma moeda, detalhe
que resultou em uma “pegada” característica, poderosa como uma
orquestra.

Ainda no repertório do álbum, maravilhas como a pesada I’m in
Love With My Car (feita em homenagem ao roadie John Harris, fanático por
carros); a balada Love of My Life (quem não se lembra do grupo tocando no Rock
in Rio I?); o country ‘39 (sobre uma viagem no tempo e no espaço), Sweet Lady
(com belos riffs de May) e Seaside Rendezvous (na linha das canções de
cabaré).

Agradecimentos: Clara Mercury

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