Prepare-se para mais um espetáculo de megalomania. Essa frase meio que define o som do Muse desde seu Showbiz, de 1999; um espetáculo de letras melodramáticas, vocais chorosos, melodias com um apelo pop absurdo e orquestrações exageradas. Uma mania de grandeza que só fez crescer a cada disco; e acabou dividindo o mundo entre os que amam e os que simplesmente abominam/ignoram o grupo britânico.
Pretensão e mania de grandeza são características que sempre me incomodaram em uma banda, mas alguma coisa no caso Muse me fez repensar essa minha postura. Parece que criticar a banda de Matthew Bellamy está ficando chato. Mais que isso, está perdendo o sentido. Você começa a ver as coisas de um modo diferente quando percebe que elas não têm que ser como você quer (falo isso como fã daquele Muse de Hysteria e Hypermusic). Elas são como são, e você é que deve tentar entender e aceitar, ou então dar de ombros e ignorar tudo.
Black Holes and Revelations (2006) foi um sucesso comercial, e sua qualidade e repercussão geraram uma expectativa exacerbada para o que viria a seguir. The Resistance (2009) não chegou a ser um fiasco mas, sinceramente, ficou bem aquém do que se esperava. Usando os mesmos ingredientes que fizeram de Black Holes um sucesso, mas em doses totalmente descontroladas, a banda dividiu opiniões entre os fãs, pra variar.
The 2nd Law, por sua vez, é a consequência óbvia do disco de 2009. Mesma pegada, algumas arestas aparadas e aí está ele, pronto pra você amar ou odiar. O disco trás referências explícitas a Queen, Radiohead e U2 (como de costume), e a adoção de elementos do dubstep — presentes em várias faixas da tracklist, como Madness, Follow Me e The 2nd Law: Unsustainable.
Supremacy e Survival sugam tudo o que podem do pop/rock sinfônico gracioso de Freddie Mercury e cia. Já Animals emula os riffs, a cadência e até os vocais afetados da banda de Thom Yorke. Panic Station é uma mistura descarada de Another One Bites the Dust, do Queen, com Suicide Blondes, do INXS.
Mas tudo isso é apenas mais do mesmo. As únicas surpresas reais de 2nd Law são Save Me e Liquid State, ambas escritas e cantadas pelo baixista Chris Wolstenholme (algo inédito na discografia da banda). A primeira chama atenção por substituir as rajadas de guitarra e efeitos eletrônicos por um instrumental mais suave e uma atmosfera onírica de dream pop. A segunda remonta ao som pesado e sem muitos floreios da época do Origin of Symmetry (2001) e Absolution (2003). As duas canções funcionam muito bem juntas, porém destoam de todo o resto — o que pode acabar desagradando alguns ouvidos.
O duo The 2nd Law: Unsustainable e The 2nd Law: Isolated System fecha o disco com belos arranjos orquestrais, batidas dançantes e um pouco de experimentalismo ao estilo Muse. Elas seguem a cartilha das Exogenesis do Resistance, mas trazem uma pegada eletrônica mais forte, deixando claro qual caminho o Muse quer trilhar daqui pra frente.
Longe de ser o melhor álbum da banda, The 2nd Law não impressiona mas também não decepciona. Ele obtém sucesso naquilo a que se propõe: ser mais um espetáculo suntuoso de megalomania, pequenos plágios e auto-referências. Não gostou? Sinto muito xará, Muse é isso mesmo.
The 2nd Law [2012]
Nota: | 8.3 |
Origem: | Teignmouth, Inglaterra |
Estilos: | Alternative, Electronic, Pop/Rock |
Selo: | Helium-3 / Warner Bros. |
Duração: | 53m35s |
Artistas Similares: | Coldplay, dredg, Kashmir, Keane, Radiohead |
[Faixas]
1. Supremacy
2. Madness
3. Panic Station
4. Prelude
5. Survival
6. Follow Me
7. Animals
8. Explorers
9. Big Freeze
10. Save Me
11. Liquid State
12. The 2nd Law: Unsustainable
13. The 2nd Law: Isolated System
Abaixo vídeo de Panic Station
httpv://www.youtube.com/watch?v=bUY6YOCqoAI
Fonte: http://coisamoderna.blogspot.com.br
Dica de: Roberto Mercury