Quadro Curiosidades – Bastidores do Live Aid – Quem estava lá, conta como foi – Por Sheila Pauka

Queen no Live Aid – Bastidores do evento  – Recordando o melhor momento de Freddie Mercury!

– 13 de Julho de 1985 foi o Live Aid – O dia em que a música mudou o mundo – The Global Jukebox.

– O grande plano de Bob Geldof.

– O conceito estava longe de ser simples – dois shows, em Londres e Filadélfia, com todas as grandes estrelas pop do planeta, diante dos olhos do mundo, para reunir as doações de milhões, tudo para o povo da Etiópia.

– Mais de trinta e sete anos depois, vários shows de line up, eventos em vários continentes e maratonas globais não são novidade, mas em 1985, o mundo nunca tinha visto nada parecido.

– E, de todos os momentos memoráveis ​​que o dia criou – Bono saltando para o público, Phil Collins fazendo os dois shows com a ajuda do Concorde e o empolgante showstopper de Tina Turner e Mick Jagger – o momento mais icônico de todos foi, sem dúvida, entregue pelo Queen, e um desempenho magistral de definição de carreira de Freddie Mercury.

– Quando se tratou de organizar o Live Aid, o Queen estava no topo da lista de alvos de Bob Geldof, mas a Banda não foi imediatamente conquistada. Freddie teve que ser convidado com muito carinho por Geldof para se apresentar no Live Aid.

– Por fim, Bob ligou para o empresário do Queen e disse

Olha, o que há com a velha Rainha? É o palco perfeito para ele. É o mundo inteiro.

– Quando foi colocado para ele dessa forma, Freddie simplesmente entendeu e disse OK, porque isso não poderia acontecer sem ele.

        E foi exatamente o dia de Freddie!

– A Banda era conhecida por suas apresentações ao vivo – tendo acabado de se apresentar para 325.000 pessoas no Rock In Rio no início daquele ano – mas eles ainda estavam prestes à superar isso.

– Ninguém sabia na época, mas o Queen estava em declínio nesse ponto. As coisas não estavam indo muito bem.

– O Álbum de 1984 –  The Works – não tinha sido um grande sucesso, e Freddie tinha acabado de lançar sua estreia solo em Abril de 1985 – Mr. Bad Guy – uma implicação de que a Banda estava em uma espécie de pausa.

– No entanto, eles tinham a garantia de entregar o tipo de espetáculo que Geldof estava determinado à oferecer. Paul Gambaccini foi um dos grandes rebatedores da BBC, designado para fazer a cobertura do Live Aid do Estádio de Wembley.

Fui à Wembley entrevistar os artistas nos bastidores da televisão e do rádio. Freddie não deu uma entrevista no dia porque tinha problemas vocais. Seu médico disse à ele para não fazer o show, mas é claro que ele estava determinado a fazê-lo de qualquer maneira.

– Na época, você pensava – ‘ Quem vai ser o melhor ? Obviamente, o U2, e Phil Collins eram muito bons. E é claro que Paul McCartney estaria no show, então não acho que ninguém viu que o número um seria o Queen. Todo mundo sabia que o Queen faria um ótimo show e seria muito bom. 

– Semanas de empolgação, estresse e incerteza chegaram à um grande clímax quando o Live Aid começou ao meio-dia naquele Sábado de Julho escaldante.

– Com uma fanfarra de metais dos Guardas Coldstream e a chegada do Príncipe Charles e da Princesa Diana, o conceito de Geldof veio junto de forma espetacular para um público global em 150 países.

                             

– No entanto, os bastidores estavam caóticos. Uma placa dizia às estrelas para deixarem seus egos na porta, e os camarins tinham que ser compartilhados – assim como apenas três passes de imprensa, que foram trocados entre dezenas de jornalistas que esperavam pacientemente do lado de fora.

– Freddie Mercury não chegou antes das 17h, com seu namorado irlandês Jim Hutton. Ele estava nervoso, mas agindo como sempre, e foi visto tomando um par de vodca tônica.

– Eram 18h41 em Londres quando o Queen entrou no palco …

– Freddie socando o ar, incitando a multidão antes mesmo da primeira nota da música ser tocada. Eles foram o último ato à se apresentar à luz do dia, o que Roger Taylor disse ser muito estranho para eles.

Luzes são tudo, mas não fazem nada durante o dia. Nunca tocamos durante o dia. Mas não queríamos nos atrasar porque sabíamos que seria um dia muito longo. Só tínhamos sido incluídos no projeto bem tarde, e o público não era um público do Queen, então estávamos nervosos … Sabíamos que seria um grande negócio no contexto do dia, porque sabíamos que seria algo especial, mas não tínhamos grandes expectativas de nosso desempenho, conclui Taylor.

– Sentando-se ao piano, Freddie provocou a multidão com alguns acordes batidos no piano de cauda preto antes de entregar o segmento de abertura da balada de Bohemian Rhapsody, imediatamente estabelecendo o tom.

– Pouco antes de entrar na seção operística, a Banda fervia de fogo brando e Freddie levantou-se do piano, com o punho no ar, antes de receber seu famoso microfone sem pedestal.

– Com uma virada teatral, ele começou à andar pelo palco enquanto os riffs da abertura de Radio Ga Ga começaram. Em segundos, o microfone estava sendo usado como um cetro, uma guitarra, uma extensão fálica.

– Olhando para trás, fica claro à partir deste momento que ele tem o público comendo na sua mão, e ele sabe disso. Enquanto ele canta ” as meninas e meninos / que simplesmente não sabem e simplesmente não se importam “, as meninas e meninos do público – suando e encharcados das mangueiras dos administradores – socam o ar em total uníssono com ele.

– Paul Gambaccini estava nos bastidores com os outros artistas na sala verde, e sua lembrança mais clara do dia são as reações deles.

Todos olharam para o monitor e você podia ver o que estava acontecendo … o Queen estava roubando o show.

– Sem nem mesmo instruí-los à fazê-lo, a forte multidão de 72.000 pessoas espontaneamente executou a agora famosa batida de palmas ao longo do refrão de Radio Ga Ga – vista pela primeira vez no videoclipe da música no ano anterior.

– A visão gerou uma imagem icônica – um mar de pessoas, completamente engajadas, totalmente encantadas por um homem – Freddie Mercury.

– Curiosamente, para alguém com tanta presença de palco, Freddie era uma pessoa muito diferente na vida real.

Ele tinha um jeito de se animar. Ele se tornou uma pessoa diferente quando subia no palco e, de repente, ficou magnético e o público adorou. Ele realmente foi espetacular naquele dia. – Roger Taylor

– Lesley Ann-Jones descreve a transformação que ela o viu realizar –

Quando ele estava fora do palco, ele era um cara muito discreto. Ele nunca chamou atenção para si mesmo, ele tinha uma voz tranquila. Ele não era uma Rainha picante ou extravagante. No minuto em que subia ao palco, ele parecia dobrar de tamanho e, de repente, ele se tornava um gigantesco astro do Rock.

– Justamente quando parecia que não poderia ficar melhor, Freddie subiu um nível. De pé no centro do palco, agora super inflado, ele se lançou em sua chamada e resposta de Ay-oh ! .

– O público o imitou (com o melhor de suas habilidades) e o momento novamente refletiu o clima interativo do dia.

– Ao contrário de muitos dos outros artistas, que estavam ocupados fingindo que não haviam tantas pessoas assistindo, Freddie estava determinado à alcançar cada pessoa que estivesse assistindo.

– Durante Hammer To Fall, ele pegou um camera man da BBC pela cintura e dançou com ele, enquanto olhava diretamente para baixo de sua câmera, para uma audiência global que estava em qualquer lugar entre 1 e 2 bilhões de pessoas, sintonizada em cerca de 95% da televisão mundial.

– Sonoramente, o Queen soava muito melhor do que todos os outros artistas.

– Freddie agarrou uma guitarra para Crazy Little Thing Called Love, e falou suas únicas palavras de todo o set.

 Essa próxima música é dedicada à todas as pessoas bonitas aqui esta noite. Significa todos vocês, ele sorriu,  obrigado por virem e fazerem desta uma grande ocasião.

– Quando Roger Taylor largou o famoso riff de bateria de We Will Rock You, as coisas atingiram um nível febril e, para encerrar, Freddie conduziu o público, balançando em massa, por um emocionante We Are The Champions.

– No momento em que ele soprou um beijo de despedida para a multidão, eles estavam gritando em uma espécie de êxtase de Rock, e ele estava encharcado de suor.

– Quando os outros membros do Queen fizeram reverências modestas e deixaram o palco, um pôr do sol foi lançado no Estádio de Wembley, mas não refletiu qualquer tipo de diminuição para a Banda. Em vez disso, implicava que a luz deixaria Freddie, e um pouco de sorte extra foi necessária para as apresentações seguintes brilharem – embora isso incluísse David Bowie, The Who, Elton John e Paul McCartney.

O Queen tinha passado um pouco de seu auge quando começaram, conclui Paul Gambaccini – Quando eles saíram, estavam em um novo patamar.  

– Quer o Queen percebesse ou não, eles não apenas entregaram a performance do dia, não apenas a performance de suas carreiras, mas possivelmente a maior performance ao vivo de todos os tempos.

– Certamente esse foi o consenso alcançado por uma pesquisa da BBC de 2005 com 60 jornalistas e especialistas da indústria musical.

– Roger Taylor foi muito modesto …

Oh, pare! Quem decide isso?  Eles viram todos os shows? !

Ele sente que a atmosfera do dia contribuiu enormemente para a eletricidade do momento.

Você não poderia falhar, diz ele, mas você poderia falhar em fazê-lo espetacularmente !

– Sobre Freddie, Roger não tem uma palavra ruim à dizer (Bem, nunca brigamos, ele encolhe os ombros) e afirma que o resto da Banda o adorava tanto quanto o resto do mundo.

 

– Olhando para trás, porém, ele admite

Não apreciamos totalmente o quão incrível Freddie era até que o perdemos …

– Freddie tinha 38 anos quando divertiu o mundo no Live Aid e, embora tenha sido sem dúvida o auge de sua carreira, também marcou o início do fim de sua curta vida.

– Notoriamente privado, Freddie nunca admitiu publicamente sua sexualidade, e a maioria das pessoas não sabia disso. Curiosamente, a imagem de clone de Castro que ele apresentou ao mundo era extremamente popular na cena gay underground, mas ainda totalmente desconhecida do público em geral.

– Seu físico e bigode eram vistos por muitos como fortes indicadores de seu sangue vermelho, hetero masculinidade, e sua teatralidade era simplesmente isso, afinal, ele era um artista.

– A homossexualidade não é permitida em sua religião. Freddie foi forçado à esconder sua verdadeira identidade e esconder seu verdadeiro eu para o bem dos sentimentos de outras pessoas.

– Se ele tivesse vivido, Freddie teria quase 76 anos hoje, mas nossa lembrança é a imortalidade que Freddie desfruta.

– Obviamente, ele merecia uma vida mais longa, mas mesmo assim, por causa da história, ele tem uma vida longa.

– Phil Collins se apresentou tanto no Wembley quanto no JFK, utilizando um Concorde para viajar de Londres à Filadélfia.

– Ele tinha um grupo de componentes de Banda em cada país, o esperando. Além de seu próprio set, ele também se apresentou como baterista de Eric Clapton e do Led Zeppelin no JFK.

– Durante o voo, Phil se encontrou com a cantora Cher, que não estava sabendo sobre os shows. Ela pode ser vista se apresentando nos EUA com o USA For Africa na conclusão do concerto na Filadélfia. Apenas apareça disse Phil.

– É bom ser Cher!

– Paul McCartney enfrentou algumas dificuldades técnicas. Seu microfone não funcionou nos primeiros dois minutos de sua performance ao piano em Let It Be, mal sendo ouvido pelos telespectadores e o público geral no estádio.

– Ele foi convencido a participar do Love Aid pelos seus filhos.

– Pepsi, Chevrolet, AT&T e Eastman Kodak patrocinaram o show. Eles também abriram suas carteiras consideravelmente, já que a equipe Geldof solicitou US $ 750.000, juntamente com os prováveis ​​bens e serviços para fazer parte da história da música.

– Bono diz que recebeu uma recepção interessante de Freddie Mercury nos bastidores. O vocalista do U2 lembra que Freddie conversou com ele como se fosse um pássaro, sem perceber a orientação sexual da lenda do Queen.

– Elton John também vestiu o chapéu de chef e cuidou do churrasco no trailer de Winnebago RV escondido atrás do estacionamento de caminhões, três dias antes.

– Financeiramente, o sucesso do Live Aid tem sido contestado, com muitos alegando que não foram suficientes os £ 150 milhões de euros arrecadados para as pessoas que precisavam.

– No entanto, revigorou o conceito de músicos usando seu talento e perfil para destacar causas beneficentes.

– Porém, tecnologicamente, o Live Aid foi um triunfo inacreditável.

– Acontecendo em um mundo sem Internet ou telefone celular, as mensagens eram enviadas em aparelhos de fax, cada doação telefônica tinha que ser atendida por um ser humano real, a TV era analógica e haviam apenas 4 canais.

– Entre os sets, os artistas tiveram apenas alguns minutos para trocar seus equipamentos em um palco giratório coberto de fios serpenteantes, várias extensões e câmeras de TV BBC volumosas.

– Foi um pesadelo de saúde e segurança, e uma loucura total para qualquer um por trás de uma das dezenas de painéis de controle. O fato de o programa ter durado 16 horas sem que a tela inteira ficasse preta em nenhum momento é quase um milagre.

– De qualquer forma, nunca mais um artista poderia esperar receber uma plataforma global como esta, muito menos a oportunidade de aproveitá-la como Freddie fez.

– Nunca houve um evento com tantos espectadores, evocando tanta emoção intensificada, todos envolvidos em One Vision (uma música que o Queen escreveu sobre o evento), e – devido ao modo como agora consumimos televisão na era digital – nunca haverá novamente.

– O Live Aid uniu o mundo e todos compartilharam o momento.

– Aconteceu de ser o melhor momento de Freddie também – um momento na história quando um dos nossos maiores heróis nos representou em nosso melhor absoluto.

– Assistindo no YouTube, a energia e o espírito de Freddie aparecem como um símbolo da comunidade gay. Diante da adversidade, ele estufou o peito e continuou lutando – não apenas para entreter as pessoas, mas para eletrizá-las totalmente !

– O Queen em Wembley foi, posteriormente, aclamado como a maior performance de rock ao vivo de todos os tempos !

 

Concerto do Queen no Live Aid (clique em “assistir no YouTube” para ver o vídeo)

 

Fonte para base e composição de texto – attitude.co.uk – Por Ben Kelly

Cláudia Falci

Sou uma professora de biologia carioca apaixonada pela banda desde 1984. Tenho três filhos, e dois deles também gostam do Queen! Em 1985 tive o privilégio de assistir a banda ao vivo com o saudoso Freddie Mercury. Em 2008 e 2015 repeti a dose somente para ver Roger e Brian atuando. Através do Queen fiz (e continuo fazendo) amigos por todo o Brasil!

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