A Night At The Opera – o álbum do ‘tudo ou nada’ – Por Renato Gurgel

Mais uma análise feita pelo Prof. Renato Gurgel membro do grupo de WhatsApp Queen Net.

 

A Night At The Opera

A Night At The Opera…o que falar desse álbum? Um dos mais celebrados álbuns da banda. É difícil até pensar sobre seu impacto, imagina escrever algo sobre um álbum que já foi exaustivamente comentado. Contudo o que vocês lerão nada mais é do que o que um simples fã se sente quando ouve essa obra prima.

 

Contexto histórico

Em um pequeno contexto histórico, nessa época o Queen havia mudado seu gerente, sendo agora assessorado por John Reid, o mesmo gerente do Elton John. Isso foi fundamental para a banda continuar existindo. Por quê? Porque ele deu a eles a chave do castelo. Apesar de terem alcançado o sucesso com Killer Queen, a banda não tinha um claro futuro à sua frente por problemas com sua gravadora. E o clima não era festivo, pelo contrário. O clima era tenso. Foi aí que entrou John Reid e disse para eles não se preocuparem e o Queen recebeu sua chave do castelo. A única orientação de John foi: façam o melhor álbum que puderem. E eles fizeram. Era tudo ou nada. E foi tudo.

O álbum é um fenômeno. Suas 12 músicas traduzem o momento da banda: Queremos ser grandes, pois bons nós já somos.

O Queen com seu novo empresário John Reid
O Queen com seu novo empresário John Reid (o primeiro a direita)

 

As Músicas

Death On Two Legs é dessas canções que abrem um álbum que é para prender logo a atenção do ouvinte (assim como Keep Yourself Alive, Procession e Brighton Rock). Os acordes de pianos seguidos de uma guitarra forte e as muitas e muitas camadas que se seguem dão a tônica para o álbum. Camadas. A Night At The Opera é um álbum de camadas.

Com palavras diretas e fortes o Queen começa seu 4º álbum com uma pancada no fígado que já deixa o ouvinte envolvido e sedento de mais. E mais do estilo rock’n’roll que a banda trás é como Brian autor de Sweet Lady, que começa com acordes pesados da Red Special e vai desenvolvendo a canção para uma canção puro sangue do rock. E como sempre Brian traz uma reflexão sobre relacionamentos (You say / You call me up and feed me all the lies / You call me sweet like I’m some kind of cheese / Waiting on the shelf)

 

Logo depois de um pequeno interlúdio de tarde preguiçosa de domingo (Lazing On a Sunday Afternoon), Roger nos brinda com seu forte apelo rock’n’roll cantando seus amores por essas máquinas maravilhosas. Acredito até que poderia ter sido parte da trilha sonora do filme de Ford vs Ferrari (The machine of a dream / Such a clean machine / With the pistons a pumping / And the hubcaps all gleam).

 

E por falar em música que poderia estar em uma trilha sonora de filme, ‘39 bem que poderia ter entrado na trilha sonora de Interestelar (Filme de Christopher Nolan com Matthew McConaughey, Anne Hathaway, Jessica Chastain entre outros). Lembro que quando estava assistindo ao filme eu fiquei com a canção na minha cabeça durante todo o filme. Uma canção de ficção científica ao bom estilo Country Music (Brian iria repetir esse estilo country mais para frente no seu primeiro álbum solo). A canção traz camadas de mensagens sobre o tempo e como ele nos afeta. O tempo gasto no trabalho diário e quando voltamos para casa, aos poucos tudo vai parecendo diferente.

 

Brian que por sua vez nos entrega duas canções nesse álbum onde é o vocalista. A pastiche dos anos 30 Good Company é, para mim, uma canção muito envolvente. Como sempre Brian tenta trazer reflexões sobre a vida e nessa o ponto essencial é o quanto o trabalho pode ser, em alguma medida, prejudicial para quem quer viver uma vida amorosa e cheia de amigos (All my friends by a year / By and by disappeared / … / The work devoured my waking hours / … / I hardly noticed Sally, as we parted company). Sua tentativa de fazer uma banda de Jazz dos anos 1930 com sua guitarra é sublime. As camadas de sons que ele conseguiu colocar nessa música são indescritíveis, principalmente quando pensamos que ele fez tudo com sua guitarra.

 

Seguindo a linha de camadas de sons e com uma pegada também totalmente diferente do estilo rock’n’roll da abertura do álbum, Seaside Rendezvous, entrega um sentimento de alívio as mazelas que a vida sempre nos traz. Ao ouvir essa música é impossível manter a cabeça parada ou não acompanhar o ritmo com os pés ou cantar junto (I feel so romantic, can we do it again? / Can we do it again sometime? (Ooh, I’d like that) / Fantastic, c’est la vie, mesdames et messieurs) imaginando-se em alguma Riviera ao redor do mundo.

 

Em termos de balada o Queen não nos decepciona mesmo. John nos entrega uma das mais belas baladas do Queen. Em sua segunda composição ele já gabarita com You’re My Best Friend que é daquelas canções que quando se ama ela tem que fazer parte da sua playlist de história de amor. Não há como não cantarolar (You’re my sunshine and I want you to know / That my feelings are true, I really love you / Oh, you’re my best friend) os trechos dessa canção quando se está apaixonado e é fã do Queen.

 

A outra balada nada mais é do que a aclamada Love of My Life. Sua versão de estúdio é espetacular. Os acordes de piano e arpa na introdução são simplesmente encantadores e trazem uma sensação de bem-estar que eu não sei explicar (A explicação: hormônios do bem-estar (serotonina, endorfinas, oxitocina e dopamina) que são liberados quando fazermos algo que nos dá prazer, como ouvir Love of My Life.

 

The Prophet’s Song e Bohemian Raphsody são duas obras primas que levaria dias e dias e páginas e páginas para eu poder descrever o que sinto quando ouço as duas. Mas ouso dizer, mesmo com tudo que já foi dito e escrito, para mim essas canções se colocam lado a lado.

BoRap tem um apelo mais popular, mesmo com tudo que apresenta e representa. Uma obra prima irretocável que ainda me faz fazer o headbanging quando a guitarra de May lança seus acordes após a parte operística da canção. Ela ainda me convence.

 

Preciso dizer, porém que The Prophet’s entrega tudo também. Harmonia vocal, compasso e ritmos variados, camadas de mensagens e de sons que chegam a ser tão densos que quase podemos tocar esse espectro sonoro. Uma mistura de rock com música clássica. Uma entrega de Brian que não deixa nada a desejar.

 

O álbum termina em alto estilo. God Save The Queen…tributo a monarca ou sua própria realeza? Prefiro ficar com a sensação de que como era tudo ou nada….eles queriam mesmo é que Deus salvasse eles mesmo, a realeza Queen, pois tudo parecia ir para fim, mas foi o começo.

 

Veja abaixo as postagens do Renato falando dos três primeiros álbuns da banda: Queen, Queen II e Sheer Heart Attack

 

Queen I – uma pequena análise

Queen II: o álbum com dois lados opostos

 

Sheer Heart Attack: os primeiros hits começam a surgir

Cláudia Falci

Sou uma professora de biologia carioca apaixonada pela banda desde 1984. Tenho três filhos, e dois deles também gostam do Queen! Em 1985 tive o privilégio de assistir a banda ao vivo com o saudoso Freddie Mercury. Em 2008 e 2015 repeti a dose somente para ver Roger e Brian atuando. Através do Queen fiz (e continuo fazendo) amigos por todo o Brasil!

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