Hot Space, um álbum que divide a opinião dos fãs

Hot Space

Data de lançamento: 21 de maio de 1982
Melhor posição nas paradas: 4° lugar na parada britânica e 22° nos Estados Unidos.

Músicos:

*John Deacon (baixo e guitarra, sintetizador, programação de piano e bateria em Cool Cat),

*Brian May (guitarra, vocal, sintetizador, baixo sintetizado em Dancer, piano),

*Freddie Mercury (vocal, piano, sintetizador, programação de bateria em Body Language e Staying Power),

*Roger Taylor (bateria, percussão, vocais, guitarra rítmica em Calling All Girls, sintetizador), *David Bowie (vocais em Under Pressure),

*Dino Solera ( saxofones alto e tenor em ‘Action This Day’)

Gravado: junho-agosto de 1981 no Mountain Studios, Montreux; Dezembro de 1981 a março de 1982 no Musicland Studios, Munique.

Produtores: Queen e Mack (Under Pressure produzido por Queen e David Bowie)

Hot Space é um álbum controverso. Mas porque controverso? Controverso porque quem ama esse álbum o ama apaixonadamente e quem o detesta, o faz da mesma foram de quem que o ama.

Foi um divisor de águas na história da banda, e alguns fãs dizem que foi um álbum que pegou carona na cultura dance em vigor no início da década de 80. Ele é motivo de discussões acaloradas entre os fãs.

De um modo geral, na minha opinião, é um álbum médio, com músicas bem interessantes, como a icônica Under Pressure, parceria da banda com David Bowie e Las Palabras de Amor, inspirada na proximidade entre a banda e os fãs latinos, que haviam tido a oportunidade de ver a banda ao vivo no ano anterior, só para citar algumas.

 

Como isso aconteceu?

– Com o grande sucesso do The Game, a banda se tornou a maior do mundo.

– No primeiro semestre de 1981 eles fizeram shows no Japão, Brasil e Brasil

– No retorno para a Inglaterra, cada membro estava envolvido em seus projetos, e em junho de 1981, a banda se juntou ao produtor Reinhold Mack, no Musicland Studios em Munique. A ideia era criar o sucessor do Flash Gordon, mas a relação entre os membros da banda havia ficado estranha, como lembrou Brian May:

Aqui, tivemos uma mudança total de vida para todos nós, na verdade. Voltamos para Munique para fazer o próximo álbum e realmente acho que as coisas começaram a cair aqui. É um lugar sombrio. É um estúdio no porão de um enorme bloco de torre, que é um hotel. E é meio deprimente. Muitas pessoas costumavam pular do topo do prédio e se matar. Desse prédio em particular! Era muito conhecido por isso. Não sabíamos quando fomos lá.

 

– As sessões se desenrolaram de forma descontínua entre junho de 1981 e março de 1982: a primeira rodada de sessões ocorreu entre junho e agosto; o segundo foi um intervalo de duas semanas a partir de 6 de dezembro; e o terceiro começou no Ano Novo, com Roger e John chegando em 18 de janeiro, e Freddie e Brian aparecendo cinco dias depois. Isso sugeriu a preferência da banda em gravar em um ritmo confortável.

– Mas apesar de todos os problemas, a banda queria se desafiar e sair da sua zona de conforto. Algumas músicas como Cool CatStaying Power, e Back Chat surgiram, e junto com elas desentendimentos entre os membros da banda, que começaram a se distanciar uns dos outros.

Em uma entrevista Reinhold Mack descreveu a situação:

The Game foi a última vez que os quatro estiveram no estúdio juntos. Depois disso, parecia que eram sempre dois deles em um estúdio e dois em outro. Você chegava um dia e dizia: ‘Oh, cadê o Roger?’ E alguém dizia: ‘Oh, ele foi esquiar. ‘Então Freddie e John rapidamente assumiram o controle da direção artística.

– Freddie e John optaram por fazer um disco mais voltado ao funk e à música dance, pois queriam repetir o sucesso de Another One Bites The Dust. 

– Freddie estava isolado dos outros membros do grupo e parecia seguir à risca o conselho de seu gerente pessoal Paul Prenter, que tinha grande influência sobre o cantor.

Taylor comentou:

Ele foi uma influência muito, muito ruim sobre Freddie e a banda, sério. Ele queria muito que nossa música soasse como se você tivesse acabado de entrar em um clube gay, e eu não fiz.

– Hot Space foi finalmente finalizado no final de março de 1982, e a banda voou para o Canadá para filmar um vídeo para Body Language, bem como para ensaiar para sua próxima turnê mundial.

– A capa do álbum foi uma ideia de Freddie, e se destacou entre alguns álbuns mais populares da época de seu lançamento. (Em uma bela homenagem ao Queen II, a capa interna era o inverso da frente: os rostos dos quatro membros da banda são coloridos em suas respectivas cores na frente, colocados sobre um fundo preto.) No entanto, os álbuns anteriores que apresentavam as fotos da banda os mostravam todos juntos, como uma unidade coesa; aqui, cada membro da banda é encaixotado em sua própria seção, dando a impressão desconfortável de que o álbum foi feito separadamente um do outro.

    

 

– A carreira da banda ia de vento em popa e a lua-de-mel com o público durou até o lançamento do novo single chamado Body Language, em 19 de abril de 1982, quando ocorreu a ruptura brutal.

 

– A música era diferente de tudo o que a banda havia feito até então: a bateria de Taylor foi substituída por uma bateria eletrônica e a guitarra de May mal aparecia, descaracterizando o som característico da banda.

– O consenso geral era de que Hot Space, não era um álbum ruim em si, mas era um álbum ruim do Queen.

– Mas nem todos pensavam assim, Michael Jackson, que já havia conhecido o grupo no ano anterior, declarou que a produção de Hot Space foi uma grande influência na criação de sua própria obra-prima, Thriller, que foi lançada alguns meses depois.

– No lançamento do álbum, Brian tentou defender a obra:

É uma espécie de desafio, sabe, porque sempre dissemos: “OK, estamos vendendo muito bem, mas isso não é o que importa, você sabe, não é o sucesso comercial que buscamos. Estamos fazendo o que achamos que vale a pena, e se este álbum não vendesse tanto quanto os dois ou três anteriores, então estaríamos nos colocando à prova quando dizemos: ‘Bem, realmente acreditamos nisso ou não?’ e acho que a resposta seria: ‘Sim, acreditamos.’

 

– A venda do álbum nos Estados Unidos foi muito ruim e a recepção a vários singles foi desastrosa. Entretanto, a turnê foi bem sucedida porque as músicas eletrônicas foram transformadas em rock para as apresentações no palco. Apesar disso tudo, nada adiantou, e o vínculo com os fãs americanos que a banda levou anos para formar, se quebrou.

 

Playlist com as músicas do álbum

 

 

Fontes:

Georg Purvis. Queen: Complete Works.

Bernoît Clerc.  Queen all the songs: the story behind every track

 

Cláudia Falci

Sou uma professora de biologia carioca apaixonada pela banda desde 1984. Tenho três filhos, e dois deles também gostam do Queen! Em 1985 tive o privilégio de assistir a banda ao vivo com o saudoso Freddie Mercury. Em 2008 e 2015 repeti a dose somente para ver Roger e Brian atuando. Através do Queen fiz (e continuo fazendo) amigos por todo o Brasil!

Outras notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *