Semelhanças entre Queen e Legião Urbana

Queen é uma banda maravihosa! Nas palavras ditas no podcast Troca o Disco,

Cada um dos integrantes dominava seu respectivo instrumento.

Os caras tinham um som muito variado, sabiam escrever letras tocantes e tinham uma performance absurda, entregando todo o sentimento que as músicas pediam. É uma das bandas que mais vendeu discos no mundo, não a toa existe uma disputa para saber quem herdou o trono do Queen.

O que muita gente não sabe é que, apesar de tudo, os membros não eram deuses que seguiram uma linha direta para o sucesso. Eles passaram por poucas e boas antes e depois da formação da banda, incluindo situações monetárias lamentáveis, escolhas ruins e brigas, muitas brigas. Mesmo assim, eles conseguiram passar por tudo e se consolidar na mente de seres humanos e críticos como uma das maiores bandas que já existiu.

Legião Urbana.. é uma banda que todo brasileiro conhece, né? Enfim, eles passaram por menos problemas durante a carreira do que a galera do Queen, tirando o Renato Russo. Isso porque o Marcelo Bonfá e o Dado eram playboys, e também porque o Renato Rocha saiu cedo demais pra acontecer alguma merda. A banda teve a sorte de poder contar com seus padrinhos, Os Paralamas do Sucesso, na hora de contatar gravadoras e, a partir do sucesso estrondoso do primeiro disco, o resto foi relativamente suave.

Mas é engraçado como a vida é. Mesmo sendo bandas tão diferentes, com estilos diferentes e em lugares totalmente diferentes, existem algumas semelhanças interessantes na história das duas bandas. Claro que tem todo aquele lance da mente humana ter facilidade para encontrar padrões: nós tentamos encontrar padrões e ignoramos fatores que demonstrem a falsidade deles.

Enfim, vamos às coincidências.

 

1) Procura-se um baixista

Quando Freddie Mercury entrou para a banda Smile, que ele era fã, ficou muito feliz. A única coisa ruim é que ele tinha entrado logo depois do baixista ter saído. Assim, Freddie, Roger Taylor e Brian May contataram amigos e fizeram ensaios para encontrar algum baixista que se encaixasse na banda. Alguns até se deram bem e ficaram por um tempo, mas saíram por causa das diversas brigas entre May e Mercury ou porque não curtiam a sonoridade da banda. Até engraçado que eles diziam precisar do estereótipo de baixista: quieto e anônimo. É ai que entra John Deacon e sua performance perfeccionista. Ele caiu como uma luva na banda, tanto que era o líder do grupo: era atento às finanças, apaziguava brigas, tocava os ensaios pra frente…

E com Legião Urbana não foi diferente. Marcelo Bonfá e Renato Russo já eram músicos com um bom histórico de apresentações, mas precisavam de um guitarrista. Dado era conhecido dos dois e sempre teve vontade de tocar em uma banda, então os dois o convidaram e lhe ensinaram (!!) a tocar guitarra (o primeiro álbum tem uma guitarra bem simples). Ai já eles já tinham o trio completo, estava tudo perfeito… Só que um pouco antes das gravações do primeiro disco, Renato Russo cortou os pulsos em uma tentativa de suicídio e, por causa disso, não conseguia tocar baixo mais. Então eles chamaram Renato Rocha para tocar no lugar e ele ficou até o 3º disco devido a algumas desavenças.

Olhando agora, é engraçado como Deacon e Rocha são totalmente opostos. Um é caseiro, quietinho e bebe nos fins de semana enquanto o outro ia pra festas regadas de drogas, quebrava tudo (literalmente) e andava com uma gangue.

 

2) Relacionamento passivo agressivo com a critica

Tem alguma banda adorada pela crítica? Se tiver, com certeza nenhuma delas é Legião Urbana ou Queen. Freddie Mercury e seus amigos eram odiados pela crítica especializada desde o início da carreira. Foram chamados de pretensiosos, esnobes e até fascistas. Muitos trabalhos deles, inclusive após o ápice da carreira da banda, foram massacrados pelas revistas… Com uma certa razão, né. Como eu disse antes, Queen sofreu por más decisões da equipe.

Com Legião Urbana a história foi um pouco diferente, mas só no início.

A banda de Renato Russo tinha uma relação boa com a crítica especializada por  se inspirar em tantas bandas de sucesso do exterior, como P.I.L., Ramones e Neil Young. Mas a verdade é que já estava ficando chato. Depois de três álbuns bem recebidos e avaliados de forma positiva, havia a impressão de que a banda era impecável e/ou que os críticos estavam puxando saco dela. Segundo Renato Russo, eles queriam cair matando em cima do próximo álbum do grupo, mas… Não rolou. ‘As Quatro Estações’ foi o disco de maior sucesso da Legião e era impossível falar mal dele sem ter falado mal dos anteriores: das 11 músicas presentes no álbum, 6 viraram hits.

Assim, o sentimento foi postergado e V, 5º álbum da banda, foi amplamente criticado e considerado o mais fraco até então. Nas palavras de Renato,

O álbum não era importante, qualquer coisa que nós fizéssemos seria massacrada.

 3) A morte prematura do vocalista e o álbum póstumo

Nos anos 90, ambos Renato Russo e Freddie vieram a falecer. Ambos, já sabendo do diagnóstico positivo para HIV, conduziram a produção de um álbum e deixaram material para um próximo, que infelizmente seria póstumo.

No caso do Queen, o álbum Innuendo contou com clipes  e hits como The Show Must Go On  e These Are The Days Of Our Lives, músicas celebradas até hoje principalmente pela performance vocal de Freddie. Ele morreu pouco tempo depois do lançamento, mas já tinha deixado vários materiais gravados para a produção de uma sequência: Made in Heaven, que contou com remix de trabalhos solos e apresentações simbólicas da banda. É um álbum lindo que eu recomendo muito que ouçam.

Com o Legião Urbana não foi diferente. Até porque se tivesse sido, esse post não existiria. A produção do álbum A Tempestade foi bem complicada. Renato não conseguia mais gravar as faixas de áudio para o produto final e só ficava em casa devido ao estado de saúde. Um clima triste e pesado predominava no estúdio, ao ponto dos outros membros da banda nem gostarem de ficar muito tempo lá. O álbum foi um sucesso (como todos os outros) e foi o primeiro a não contar com a frase Urbana Legio Omnia Vincit (Legião Urbana Vence Tudo, em latim) em seu encarte. Renato morreu no mesmo ano e a banda encerrou suas atividades logos depois. Mas não foi o último álbum que eles lançaram, até porque, devido ao contrato com a gravadora, precisavam produzir mais 3. Nove meses após a morte do vocalista, Legião Urbana lançou o álbum Uma Outra Estação, com músicas que contavam a história da banda, incluindo covers e até músicas inacabadas por falta de tempo. Na capa do álbum há uma das pinturas do baterista Marcelo Bonfá, que Renato Russo adorava. A ilustração é de Brasília, cidade que originou a banda e que estampava o fundo do primeiro álbum. O encarte de Uma Outra Estação contou também com a merecida volta da frase Urbana Legio Omnia Vincit, agora mais verdadeira do que nunca.

Qual o objetivo desse texto? A vida é cheia de coincidências e eu queria expor as que eu acho mais curiosas aqui. Se há uma lição a ser extraída do texto, ela é: ouça Made in Heaven e Uma Outra Estação, você merece.

Uma Outra Estação – Legião Urbana

https://youtu.be/DYSxgNvhwPE

 

Made in Heaven –  Queen

 

Fonte: https://www.in-senso.com.br/

Cláudia Falci

Sou uma professora de biologia carioca apaixonada pela banda desde 1984. Tenho três filhos, e dois deles também gostam do Queen! Em 1985 tive o privilégio de assistir a banda ao vivo com o saudoso Freddie Mercury. Em 2008 e 2015 repeti a dose somente para ver Roger e Brian atuando. Através do Queen fiz (e continuo fazendo) amigos por todo o Brasil!

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