A Night At The Opera, o álbum mais audacioso do Queen

A Night At The Opera

Data de lançamento: 21 de novembro de 1975

Músicas do álbum (Vinil)

 

Lado 1:

Death On Two Legs (Dedicated to……

Lazing On A Sunday Afternoon

I’m In Love With My Car

You’re My Best Friend

’39

Sweet Lady

Seaside Rendezvous

 

Lado 2:

The Prophets Song

Love Of My Life

Good Company

Bohemian Rhapsody

God Save The Queen

– Melhor posição nas paradas: 1° lugar na parada britânica e 4° lugar na parada americana

– Antes do lançamento de seu novo álbum o Queen vivia um verdadeiro paradoxo. Quanto mais sucesso faziam, menos dinheiro eles tinham e mais pareciam estar próximos do fim.

– Eles haviam acabado de lançar seu single de maior sucesso até o momento Killer Queen e estavam tocando em lugares maiores, para plateias maiores.

– Embora a imagem que eles cultivassem pudesse supor que eles andavam por aí vivendo em mansões e dirigindo Rolls Royces todos moravam de aluguel e recebiam um salário semanal de cerca de 60 libras, a verdade é que a banda se encontrava a beira da falência.

– Eles estavam presos a um contrato leonino, que os obrigava por exemplo, a reembolsar seus empresários pelo dinheiro investido na banda, antes da partilha de eventuais lucros. Quando Sheer Heart Attack começou a fazer sucesso eles foram cobrar seus representantes e ouviram que na verdade eles deviam mais de 200.000,00 libras para os irmãos Sheffield (ver Death on Two Legs), donos dos estúdios Trident a quem o Queen tinha contrato.

– A única maneira de seguir em frente seria romper com os antigos empresários e tomar as rédeas de sua carreira. Para isso entraram em contato com Bob Mercer, um caçador de talentos da EMI que os indicou o advogado Jim Beach, do escritório de advocacia Harbottle & Lewis que começou a procurar alguma forma de romper o contrato que tinham.

– Durante a turnê americana para divulgar Sheer Heart Attack a banda entrou em contato com Don Arden (empresário do Black Sabbath) e que era conhecido no meio musical como o Al Capone do Rock e ele teria conseguido liberar a banda do seu contrato em uma reunião com os irmãos Sheffield.

– O Queen então assinou uma procuração autorizando Arden a agir em nome de seus interesses. Em algum ponto ambas as partes mudaram de ideia.

– John Anthony (um dos produtores no 1º álbum) implorou para que eles não assinassem nada com Arden.

– Segundo a banda o acordo foi invalidado de comum acordo com o empresário, embora sua reputação não sugerisse esse comportamento.

Chegaram a entrar em contato com Peter Grant que empresariava o Led Zeppelin e o Bad Company, mas um possível conflito de interesses acabou impedindo um acordo.

– Analisando todas as opções acabaram escolhendo John Reid que empresariava Elton John.

– Ainda faltava solucionar o problema com os irmãos Sheffield e conseguiram fechar um acordo em agosto de 1975 que os livrava de todos os acordos anteriormente estabelecidos.

– Os direitos de publicação do Queen passavam às mãos da EMI. Em contrapartida o Trident recebeu uma indenização de cem mil libras pelo rompimento dos contratos, pagos através de um adiantamento oferecido pela EMI.

– O Trident ainda reteve o direito a um por cento dos royalties dos próximos seis álbuns do Queen.

O Queen com seu novo empresário John Reid
O Queen com seu novo empresário John Reid

 

– Livres dos irmãos Sheffield, a banda agora entrava no estúdio para gravar seu próximo álbum. Utilizando-se de diversos estúdios, entre eles o Sarm East e o Rockfield para gravar as faixas básicas das canções, enquanto os vocais eram gravados no Scorpio e os overdubs eram feitos no Olimpic Studios.

– A banda também tinha uma forma muito peculiar de compor. Geralmente cada um dos integrantes compunha sozinho, antes de trazer suas ideias ao conhecimento dos outros, para receber sugestões, aperfeiçoamentos ou mesmo a rejeição, às vezes até trabalhavam em estúdios diferentes.

– Num segundo momento os outros iam adicionando suas partes, mas de forma geral aquele que trazia a ideia inicial ditava como a música seria. A desvantagem nas palavras de Brian é que eles acabavam perdendo um pouco o espírito de grupo.

O Queen gravando "A Night"
O Queen gravando A Night

O Queen gravando A Night

– A exemplo dos álbuns anteriores a banda se autoproduziu com coprodução de Roy Thomas Baker.

– Estima-se que seu custo de produção alcançou a soma de 40.000 libras, o que gerou rumores de que este seria o álbum mais caro a ter sido gravado até então.

– A capa foi desenhada pelo próprio Freddie Mercury, inspirada no brasão de armas britânico acrescentando uma representação dos signos dos integrantes.

– O desenho utilizado no álbum é uma variação do brasão que apareceu primeiramente no encarte de Sheer Heart Attack. Os leões representando Roger Taylor e John Deacon, o caranguejo representando Brian May (signo de câncer) e os anjos representando Freddie Mercury do signo de Virgem.

– A Phoenix representa o renascimento das cinzas, simbolizando seu renascimento a partir de suas bandas anteriores como o Smile de Brian e Roger e o Sour Milk Sea de Mercury.

Capa de A Night At The Opera
Capa de A Night At The Opera

 

 Uma Noite Na Ópera

– Após um dia estressante de trabalho o produtor Roy Thomas Baker sugeriu que tivessem uma noite de folga e convidou a todos a irem à casa que ele havia alugado nas proximidades do estúdio.

– Roy havia adquirido uma das novidades da época, um videocassete. Então assistiram ao filme A Night At The Opera (1935) dos irmãos Groucho, Chico e Harpo Marx.

– O título era perfeito para o que estavam fazendo.

– No álbum seguinte o Queen também utilizou um título dos irmãos Marx A Day At The Races. Groucho Marx enviou um telegrama agradecendo a banda por utilizar o nome de seus filmes.

– Em 1977 depois de agendarem duas apresentações no The Forum, em Los Angeles, Freddie, Brian e Roger arranjaram um tempo entre as apresentações para visitar Groucho Marx (Deacon não foi ao encontro), presenteando-o com os discos de ouro recebidos pelas vendas de A Night at the Opera e A Day at the Races.

– Na ocasião Groucho tinha uma pianista que tocou uma música para a banda. Na sequência Marx pediu que a banda tocasse uma música e então tocaram ’39.

 

Poster do filme A Night At The Opera

– Groucho Marx morreria cinco meses depois do encontro, aos 86 anos vítima de uma pneumonia.

Norman e Barry Sheffield

– Depois de gravarem seus primeiros álbuns, a relação com os irmãos Sheffield e Jack Nelson (empresário da banda, indicado pelos irmãos Sheffield) estava ficando insustentável.

– Na canção Flick Of The Wrist do álbum Sheer Heart Attack, Freddie mostra toda sua insatisfação com a situação da banda, colocando-se como uma prostituta explorada por um cafetão.

– A situação só piorou quando eles começaram a ver os dirigentes da Trident andando em Rolls Royces, enquanto os pedidos que faziam eram negados, o que levou a banda a procurar uma saída para romperem o contrato.

– Seguindo-se a uma batalha judicial que culminaria com a quebra de contrato e a homenagem de Freddie em “Death On Two Legs.

– Em uma entrevista para John Ingham da revista Sounds Mercury resumiu seu sentimento em relação à canção:

Eu quis fazer o vocal, o mais grosseiro possível. Minha garganta sangrava o tempo todo. Eu mudava a letra para deixá-la cada vez mais perversa. Quando os outros a ouviram pela primeira vez eles ficaram em choque, apavorados. Eu estava completamente entregue a ela. Eu fui um demônio por alguns dias.

Autobiografia de Norman J. Sheffield

– Em sua autobiografia lançada em 2013 intitulada Life On Two Legs: Set The Record Straight’ by Norman J. Sheffield, Norman Sheffield conta sua versão do problema com a banda:

Quanto mais bem sucedidos se tornavam, mais agitado o Queen ficava em relação ao dinheiro. A coisa esquentou quando John se casou. No período que antecedeu o casamento, ele anunciou que queria que eu adiantasse £ 10.000 (cerca de £ 90.000 em valores de 2013) para ele comprar uma casa. Eu não reagi muito bem.

Então Freddie exigiu um piano de cauda. Quando eu neguei o pedido, ele bateu com o punho na minha mesa. “Eu tenho que ter um piano de cauda”, disse ele.

Eu não estava sendo malvado. Nós sabíamos que havia uma enorme quantia de dinheiro chegando devido ao sucesso do Queen. Expliquei que algumas delas já estavam chegando, mas a grande maioria ainda não havia chegado.

“Mas somos estrelas. Estamos vendendo milhões de discos “, disse Freddie.

“Eu ainda estou morando no mesmo apartamento em que estive nos últimos três anos.”

A quantidade de dinheiro que investimos na banda foi enorme.

Nós adiantamos equipamentos e salários logo no início e continuamos a despejar dinheiro neles por quatro anos. Freddie não parecia notar o fato da banda dever a Trident perto de £ 200,000 (£ 1,75 milhão em 2013).

Eu me lembro da conversa.

“O dinheiro virá em dezembro”, eu disse. ‘Então espere.’

Então veio uma frase que ele tornaria famosa em todo o mundo nos próximos anos, embora ninguém soubesse de onde veio.

Freddie bateu os pés e levantou a voz: “Não, não estou preparado para esperar mais. Eu quero tudo. E eu quero agora.’

No final de 1975, eu fiquei sabendo que eles estavam fazendo todo tipo de comentários depreciativos sobre o Trident.

Então eu ouvi uma faixa de A Night At The Opera chamada Death On Two Legs. As duas primeiras linhas resumiam o que estava por vir.

“Você chupa meu sangue como uma sanguessuga / você infringe a lei e a viola”, então, “Você se sente como um suicida?”, Continuou, “Eu acho que deveria”. Era uma desagradável mensagem de ódio de Freddie para mim.

Logo Bohemian Rhapsody chegou ao topo das paradas do Reino Unido e ficou lá por nove semanas. Um momento agridoce surgiu quando começaram a vazar notícias de que havíamos nos separado do Queen.

Nós deveríamos ter conversado mais. E eu deveria estar mais atento aos sentimentos deles. Quando percebi que as coisas estavam muito erradas, já era tarde demais.

Em março de 1977, a empresa estabeleceu com a banda a venda de todos os seus direitos futuros, os direitos dos álbuns antigos e a liquidação da dívida gerencial.

O sonho de Freddie finalmente se tornou realidade e ele se tornou um homem muito rico. Quando ele morreu, ninguém estava mais triste que eu. Ele pode ter sido um monstro para lidar, mas ele também era um gênio.

Eu o vi uma vez, nos anos seguintes, em 1986, quando levei minha família para o show deles em Knebworth. Ele foi amigável, como se os problemas do passado ficassem para trás. Acabou sendo seu último show ao vivo, o que significa que eu estava no primeiro e no último show deles.

Anos depois, após sua morte, fui ao Freddie Mercury Memorial Concert em Wembley, onde vi os três membros restantes sendo fotografados.

John Deacon apontou para mim e disse: “E se não fosse por esse homem, não estaríamos aqui”.

Brian e Roger olharam para mim e assentiram. Esse gesto foi um longo caminho para exorcizar os fantasmas do passado.”

 

Músicas do álbum

Fontes:

Queen em discos e canções – Marcelo Facundo Severo
Queen: Complete Works: (edição revisada e atualizada) por Georg Purvis
Queen all the songs: the story behind every track – Bernoît Clerc

www.queenvault.com.br

www.queenpedia.com.br

https://whiplash.net

Cláudia Falci

Sou uma professora de biologia carioca apaixonada pela banda desde 1984. Tenho três filhos, e dois deles também gostam do Queen! Em 1985 tive o privilégio de assistir a banda ao vivo com o saudoso Freddie Mercury. Em 2008 e 2015 repeti a dose somente para ver Roger e Brian atuando. Através do Queen fiz (e continuo fazendo) amigos por todo o Brasil!

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