Dissecando Drowse

Drowse

      O hino do Queen para a adolescência !

 

Drowse é uma das canções mais subestimadas do Queen.

Escrita por Roger Taylor e interpretada em conjunto com os restantes membros, exceto Freddie Mercury, é uma ode nostálgica à ingenuidade adolescente que vale a pena (re)descobrir.

Drowse é uma das melhores composições de Roger Taylor.

Foi escrita em 1976 e lançada no Álbum A Day At The Races, o 5° Álbum da Banda.

O baterista tocou guitarra base, tímpanos e cantou todos os vocais.

Brian May tocou sua Red Special nos riffs inconfundíveis dessa música, e o tímido John Deacon contribuiu com uma linha de baixo perfeita para acompanhar.

Mas, mais importante, é a letra da música – da qual analisaremos os trechos mais interessantes – que, com delicadeza, relembra a adolescência de forma tão fiel, que ao ouvi-la, dá arrepios.

Uma perspectiva sonolenta, alucinógena e melancólica, que se concentra na sensação nebulosa de estar preso antes de escapar. Tudo isso temperado com um riff arrastado, bêbado e sonolento – e por outro lado, Drowse significa exatamente isso.

 

🎵 É o adeus com olhos tristes

Momentos do passado que lembro

É a rua triste, despedidas fracas, eu me lembro

É a névoa obscura, os dias mais nebulosos

O sol mais brilhante e os repousos mais confortáveis

São as maiores razões para rir e chorar

Quando você era mais jovem, e a vida não era tão dura, afinal … 🎵

It’s the sad eyed goodbyeYesterday’s moments I rememberIt’s the bleak street, week kneed partings I recallIt’s the mistier mists the hazier daysThe brighter sun and the easier laysThere’s all the more reason for laughing and cryingWhen you’re younger and life isn’t to hard at all

 

Como em grande parte do trabalho de Roger, a composição está estranhamente fora do estilo do Queen. Aqui parece muito mais com Pink Floyd.

Porém, relembrar a adolescência é realmente incrível e exige uma escuta atenta das próprias sensações, para traduzi-las em música.

 

🎵É o cochilo fantástico

Das tardes de domingo

Que entediavam você em tempestades de lágrimas … 🎵

It’s the fantastic drowseOf the afternoon SundaysThat bored you to rages of tears

 

 

A perspectiva de Roger não romantiza, mas capta perfeitamente os limites e o potencial da fase adolescente, a tensão estranhamente energizante entre aquele incontrolável tédio e raiva, a intensa carga emocional que permeia aqueles momentos vazios.

É a conexão vertical de todas as coisas que dizem para você … Engenhosidade e busca profunda do próprio caminho.

Os sentimentos paralelos de estar preso e sonolento percorrem toda a peça como uma espinha. Há uma nostalgia, mas também uma forte consciência de que é autoengano. Nesta passagem encontramos o espanto, o fato de que para o mundo você é apenas uma criança, você precisa ser guiado, de explicações – o aperto vertical que inevitavelmente o leva a crescer.

 

🎵E há mais razões

Para viver e morrer quando você é jovem

E seus problemas são todos muito pequenos ..🎵

And there’s all the more reason
For living or dying when you’re young
And your troubles are all very small

 

Novamente, e com um dualismo simples, Roger encapsula sem esforço o dilema adolescente – tudo parece uma questão de vida ou morte, mas ao mesmo tempo você não dá a mínima.

 

🎵Aqui fora, na rua, nos reunimos e nos conhecemos

E arrastamos os pés pelas calçadas

Com incansáveis e infinitos pés

Na metade do tempo nós ampliamos nossas mentes

Mais nas piscinas

Do que nas salas de aula

Com os vadios do centro da cidade mascando chicletes

Assistindo a vida noturna, as luzes e a diversão … 🎵

Out here on the street we’d gather and meet
And scuff up the sidewalk
With endlessly restless feet
Half on the time we’d broaden our minds
More in the pool hall
Than we did in the school hall
With the down town chewing gum bums
Watching the night life the lights and the fun

 

A importância de sair de casa, de vagar sem rumo enquanto mata aula. Descobrir a importância do estar junto, da amizade, com seus pares no avanço da vida real que aos poucos vai tomando forma.

 

🎵Pensando certo, e fazendo errado

É mais fácil a partir de uma poltrona

Ondas de alternativas lavam minha sonolência

Tenho meus ovos cozidos para o café da manhã, eu acho … 🎵

Thinkin’ it right and doin’ it wrong
It’s easier from an arm chair
Waves of alternatives wash over my sleepiness
Have my eggs poached for breakfast I Guess

 

Este incrível fluxo de consciência é exemplar da música. Da sua poltrona, na sala ou no quarto, oscile entre repetir o passado e desejar maneiras de mudar o futuro, para depois se deixar distrair pelo primeiro problema real que surge – o que preparar para o café da manhã do dia seguinte.

 

🎵Acho que serei Clint Eastwood

Jimi Hendrix era demais

Vamos tentar William o Conquistador

Agora quem mais eu gosto ? 🎵

I think I’ll be Clint Eastwood
Jimi Hendrix, he was good
Let’s try William, the conqueror
Now who else do I like?

 

O fechamento de Drowse é tão ingênuo, tão perfeito para uma peça como esta. Uma adolescência que molda sua imagem no futuro sem presunções, mas com a verdadeira garra e energia – paradoxal, dadas as condições sonolentas do protagonista – de quem sabe que é hora de sonhar.

Parece uma música simples e tem uma estrutura simples, mas cada detalhe dela parece ter camadas. Não são apenas as letras – os slides deslizantes e esmaecidos, permeados por uma massa fluida de melancolia, reforçam tudo.

Os vocais de Roger são baixos na mixagem na maior parte do tempo, levados pela onda do riff. Sua voz também ” quebra ” ao meio, caindo uma oitava ao lado de um toque de Brian que ilumina a faixa.

Finalmente, quando o tom cai ainda mais e Roger começa a falar, é como ouvir um bêbado emocionado de suas lembranças, e ele se perde em sua própria imaginação – à sua maneira.

É estranho, mas é maravilhoso !

Uma música especial.

Captura perfeitamente o tédio alucinógeno da vida de um adolescente, confusamente entediado, com a liberdade de cometer erros perigosos e seguros.

 

Vídeo de Drowse

 

 

Fontes –

Comunità Queeniana Italiana

stonemusic.it

 

Sheila Pauka

Meu nome é Sheila Pauka, uma "jovem senhora" de 58 anos, fã da Banda Queen desde 1984, quando descobri Radio Ga Ga. Eu moro no estado de Goiás. Sou casada e mãe de 01 casal de gêmeos. Me formei em Turismo e Administração de Empresas aqui no Brasil. Em 2021 tive a honra de fazer parte da equipe da tradução do livro Freddie Mercury A Life In His Own Words do inglês para o português e conheci alguns bons amigos, que mantenho até hoje. Colaboro com o site Queennet.com.br desde Outubro de 2021, em postagens semanais. Agradeço ao site pela oportunidade, fazendo votos que apreciem as muitas histórias contadas. Abraços Queenianos !

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